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dcpv – da cachaça pro vinho – a velhinha, a coroa portuguesa, chegou ao Brasil há 200 anos!

número 173
19/03/08

dcpv – A velhinha, a Coroa Portuguesa, chegou ao Brasil há 200 anos!

É, há 200 anos a Coroa Portuguesa se instalou por aqui de mala e cuia. Hoje até parece corriqueiro pensar neste fato histórico.
Dom João VI fugiu de Napoleão?
Era um estratégia pra transformar o Brasil num ponto de referência mundial?
Era uma válvula de escape?

O certo é que Napoleão disse que Dom João VI foi “o único adversário que me enganou” !

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E o mais certo ainda é que o Brasil (especialmente o Rio de Janeiro) jamais seria o mesmo após a chegada da família Real. Imagine o impacto pruma cidade de 60000 habitantes, a chegada de 15000 estrangeiros, a maioria nobres (alguns “nobres”) com hábitos diferentes e costumes dos mais variados.
Toda a operação da coroa passou pra cá com ganhos evidentes mas, com todo o ônus que isto acarretava. Burocracia, charme, status; diz-se que até o fornecimento de frangos (Dom João VI os comia como bananas, às pencas!) teve um colapso tal a procura pela ave por ser considerada a da moda!
Como este fato está na boca de todo mundo aqui no Brasil (amigos portugueses, aí também?) vamos levá-lo ao lugar que ele merece: à boca mesmo!
Eis a quarta-feira em homenagem aos 200 anos da chegada da Coroa Portuguesa ao Brasil. Vamos lá!

i – Caipiroskas de Melancia e Manga com gengibre

Caipiroskas? Na Coroa Portuguesa? Calma, não estou maluco! A minha teoria é a seguinte: D Carlota Joaquina gostava muito de cachaça e não gostava nadinha do clima (ou melhor, do calor) do Rio. Resultado, ela tinha um truque pra consumí-la: colocava suco de frutas na cachaça e degustava. Ora, cachaça com suco de frutas é caipirrinha! (c.q.d.)

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Melancia apiloada, um pouco de açucar e vodka Absolut Vanilia a gosto (ôba!)

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Manga e gengibre apiloados, um pouco de açúcar e Absolut 100.

ii – Entradas – Sopa de cebola e Vagem à Provençal

Outras das introduções culinárias da Corte Portuguesa por aqui foram os legumes refogados, as carnes de vaca, carneiro, cabrito, a cebola, o alho e muitas outras coisas a mais.
Pra representar tudo isto, escolhi uma receita de Vagens à Provençal. Vagem cortada, cozida e temperada com uma massa formada por alho, azeite e anchovas. É só montar sobre fatias de pão. Muito bom!

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E uma sopa de cebola que apresenta pequenas (e marcantes) variações da nossa habitual, pois contém cebolas (é claro!), água, sementes de coentro quebradas, sal, pães franceses em pedaços, gemas cozidas duras, manteiga e cebolinha picada. Saborosíssima e muito cremosa !

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Acompanhamos com um vinho Branco GrandJó 2005 Portugal que segundo os súditos, nós mesmos, se mostrou “ácidoce, da coroa, elixir pra um do…ente, brando“.

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iii – Arroz de Chouriço

Uma das comidas preferidas de dom João VI (além dos famosos frangos!). Um belo arroz preparado com alhos, chouriço, pimentão, caldo de costela de boi, água, cebolinha e salsinha. É quase um risoto (sem a cremosidade), mas com uma umidade que lhe dá um sabor espetacular.

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Dizem que dom João VI encerrava as suas refeições com o sinal da cruz. Depois deste arroz, tivemos que praticar o mesmo ato!

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Ainda por cima, tomamos um belo Tinto Chateau Totigeac Bordeaux 2006 que foi “terroso, dengoso, descongestionante, romanesco” segundo os seguidores da Coroa. E frise-se que o vinho francês foi uma homenagem à influência que a gastronomia deste país teve na formatação da culinária daquela época.

iiii – Sobremesa – Aletria com Ovos

A Marizé tinha me mandado umas receitas, mas eu esqueci de imprimir. Pra quebrar o galho, peguei esta no livrinho sobre Portugal da Folha pag 51.
E como o doce tem um formato meio conventual, o pesquisador (eu mesmo !) indicou esta Aletria com Ovos como sendo um dos doces preferidos de dom João VI (deixa ele saber disso!). É um doce formado por açúcar, aletria, manteiga, leite, gemas, casca de limão , canela pra polvilhar e desempenhou bem o seu papel pois estava muito gostoso!

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Ainda acompanhamos com as últimas doses (sniff!) do Gran Reserva Fondillon Salvador Povedra, um grande imperador tal como dom João VI.

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Eis as impressões dos plebeus ( nós mesmos) sobre o banquete:
São 200 anos de satisfação … meu amor! (Edu)
Como diria Carlota Joaquina: é um esssspetáaaculo! (Mingão)
Pois, pois! sic Bocage: fo…rmidável (Déo)

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E pra terminar a aula de história (além da gastronômica), vejam o que aconteceu com os grandes personagens citados aqui:
Carlota Joaquina – conspirou até o fim; foi confinada no palácio que lhe valeu a denominação de megera de Queluz.
Napoleão Bonaparte (o enganado!) – caiu em 1814, derrotado por uma coalisão monarquista; recuperou brevemente o poder, perdeu em Waterloo e morreu exilado em 1821.
João, o príncipe regente – tornou-se o rei Dom João VI com a morte da mãe em 1816. Retornou a Portugal e deixou o filho Pedro, que proclamou a Independência e foi o primeiro imperador do Brasil.

Até a próxima !

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Há 16 comentários

  1. Edu, que maravilha de menu–as usual!
    Estava purfa dessa celebracao dos 200 anos da chegada dos fujoes ao BR, mas minha irma me colocou a par das novidades. Inclusive me contou que publicaram um livro, com versao infantil, quie meu sobrinho devorou. Ele esta fascinado pela historia da realeza portuguesa [ele tem 7 anos]. Em Mafra visitamos a casa de campo de D. Joao e Carlota. Ele dormia num lado do palacio e ela do outrooooooo lado, bem longe! How lovely!! :-))

    abracao!

    * queria entrar nessa confraria… poxa…!

  2. Infelizmente, aqui prefere-se falar mais de fait-divers e menos de História, quero dizer com isto que não se tem falado muito desta data histórica.

    Quanto à ementa comemorativa, está uma maravilha, sobretudo a caipiroska de manga e gengibre com aquela pimenta em cima! Sou servida!

    bjs

  3. Depois de dias mergulhada em relatórios, provas para corrigir e um feriado acamada decido ligar o computador novamente. Desde a noite em que Neruda foi tema da quarta gastronômica, flanar pelo mundo virtual inclui uma passagem pelo DCPV. Confesso que sou pouco aventureira, quando o assunto é experimentar novos pratos, mas os temas das quartas me fazem viajar. A cada semana me surpreendo com a criatividade das escolhas. E não foi diferente essa semana: uma homenagem aos 200 anos da chegada da Família Real.

    Parece-me que é uma portuguesa a falar, por isso não quero discordar de quem conhece melhor sua cultura. Mas não sei se é uma característica apenas portuguesa a de “falar mais de ‘fait-divers’ e menos de História”. Certamente a subjetividade daqueles que reescrevem nossas histórias determina o que deve ser contado. E isso “pautou”, para nós, brasileiros, a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil. Para nós, a chegada de Dom João e sua comitiva transformou a Colônia em corte. Para os portugueses, o mesmo fato histórico pode ser visto como fuga. Já passei um 7 de setembro em Portugal e, a princípio, estranhei o desconhecimento da data pelos portugueses. Mas como disse, penso que é mesmo assim, com todos os povos…Escolhemos o lado da história que desejamos contar. Por isso Londres tem a Waterloo Station e Paris, a Gare d’Austerlitz! 🙂

    Mas não nos enganemos… Algumas vezes a história também tem seu momento “fait divers”, haja vista as histórias sobre as mulheres de Dom Pedro! 🙂

    Abraços para Débora, Mingão, Ed e para você, Eduardo.

    Como vê, Eduardo, tenho que continuar escrevendo sobre outras coisas que não ingredientes, especiarias e pratos, ou não poderia postar comentários no DCPV.

  4. Eduardo, adorei o post comemorativo (e informativo!) e claro, a ementa. Quando a D. Carlota Joaquina não sei, mas eu delirava com uma Caipiroska dessas – deve ser o meu lado megera a falar mais alto!!

    Bj grande

  5. Essa galerinha ralmente sabia comer muitissimo bem!!!!

    O arroz com chouriço paracer estar um escândalo!!!!
    Mas as caipiroskas… ah… as caipiroskas… ficaria somente nelas… hehehehehehe

    Bjundas

  6. Uia! Festa aí, e aqui, já q 19/03 é o dia do meu aniversário…
    🙂
    Edu, mandei ontem pelos Correios uams coisinahs para vcs. Foi por Sedex, e me garantiram q chega até sábado. espero q chegue mesmo!
    Abs!

  7. Vamos lá :

    Pipoka, este é um mal que padecemos todos nós. Aqui, o assunto só virou moda porque a mídia se voltou toda pra ele durante um período. Quanto à caipiroska,infelizmente não vai dar pra mandar pra Portugal!

    Fabrícia, esta parte do banho, eu passo! Mas, estudando um pouco mais dá pra perceber a importância que este fato teve no desenvolvimento do Brasil. Cita-se que gráficas tiveram que surgir do nada tamanha a burocracia que se instalou com uma quantidade muito grande de documentos ( coisa que não perdemos até hoje ! rsrsrs)

    Nina, ainda não experimentei mas vou! E a opinião da Dé ( que por sinal tirou uma foto linda dele) que disse que o vinho é “ácidoce” combina muito bem com a minha também.

    Adriana, a nossa escritora. Estávamos todos com saudades dos teus comentários. E este, pra variar, está muito bom! Concordo em genero, número e grau com o teu capítulo do livro ( rsrsrs). E continue escrevendo sobre fatos não-culinários pois a tua opinião acrescenta bastante conteúdo ao DCPV. O LPontes ( dos blogs Comidas Caseiras e Outras Comidas) é fã dos teus comentários !

    Suzana, certamente a D Carlota Joaquina ( a criadora da caipiroska!) tomaria “todas” as misturas suco+cachaça existentes! E cá pra nós, não é que ela teria razão!

    Aline, já estou pensando em montar um bar só com caipiroskas diferentonas tal o “suspiro” de todas por elas ! E pelo visto, a D Carlota teria um cartão VIP do lugar.

    Você vê que coincidência, Márcia. Tem festa também na quarta que vem(14/05) com o 6º Inter-Blogs DCPV – Marcia do Fuet, ou seja, você mesmo !
    E vamos confiar nos nossos bravos Correios. Assim que chegar, eu te aviso !

    Abs a todas.

  8. Eu só fico com pena de não beber nessas horas pois fiquei com água na boca só de ver os vinhos e “oskas”.

    Mas a aletria tomou o lugar do arroz de chouriço na foto?

  9. Olá
    Primeiro parabens pelo blog, e claro que pode adicionar o tabembom, só adicionei o seu poi é muito bom, excelente, desculpe não ter consultado,,, valeu, Leo.

  10. Fer ( que estava com um comentário encarcerado no poço dos spams e que foi libertado por Dom João VI), o teu sobrinho sabe das coisas. A história da vinda da Coroa Portuguesa é extremamente interessante ! E quanto a entrar na confraria, todos os participantes dos nossos Inter-Blogs são membros honorários. O pequeno problema a ser resolvido é a distância !

    Agda, apesar de voce não beber nada, ficou parecendo que bebeu um pouquinho, sim.(rsrs). Onde que você viu aletria no prato ? Se for em cima do arroz , é rúcula. Se for ao lado, é farofa ! O negócio é fazer como a D Carlota Joaquina. Vamos experimentar a combinação perfeita : suco + cachaça !

    Leo, grato pelos elogios . E não reprovei o fato de você ter colocado o DCPV no seu blog roll, não. Pelo contrário, achei muito legal. Eu só te avisei que estaria colocando o excelente tabembom ( é assim mesmo que se escreve ?)no meu e assim me obrigaria a passar regularmente por lá.

    Abs a todos !

  11. e ai roberto, como vai! tudo bem? assim espero para tí e toda sua família; ao menos é o que espero!!! como está nesse reinado; como meus auxiliares ou reis substitutos?! aqui vou indo! a pouco saí daquele lugar que sabe o que me refiro, mas ñ quero nem comentar certo!!! deixo um abraço à fernana torres e a minha príncesa claúdia leal; por reconhecimento; aqui tudo bem e uma hora apareço por ai pra gente beber uma cachaça com vinho ou até purinha… certo!!! fico por aqui e meu email vai em anexo certo!!! um abraço!!!??? ASS: rei CARLOS HENRIQUE NEVES DE ALBUQUE BIS NETO DE D. JOÃO SEXTO REI DE PORTUGAL. TCHAU…………

  12. Rei tutor, grato pela visita e se tiver um compromisso na sua agenda real, passe por aqui pra tomarmos uma ‘branquinha’ !

    Abs do Roberto !

  13. se tudo der certo um dia vou ai experimentar está branquinha, já estou quase liberado,um dia vou ai com meu pai, o sr antonio da inglaterra (deus) e na realidade,temos um castelo ai na capital e na realeza D.joaõ ñ era meu bizavô e sim um funcionário da corte real;mas me tratava como um neto e eu o chamava de vô quando criança. olha quanto tempo faz que D.joaõ faleceu! somos os proprietários de todas as terras do mundo, uma hora vou ai tomar um banho de banheira com a claúdia.

  14. Rei Carlos, você de novo por aqui, depois de 5 anos?
    Continuo aguardando a tua visita.

    Abs, do teu amigo Edson (ou seria Pelé?).

Dê a sua opinião, please!