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jantar de gala do spf&w

Spetacular
14/06/08

dcpv – Jantar de Gala do SPF&W

Este foi “difícil” ou melhor, este foi fácil de engolir. Imagine um jantar em que 6 chefes famosos fazem um prato que por seu lado, é harmonizado por um vinho de uma vinícola famosa que por outro lado é representada ou pelo seu dono ou pelo enólogo.
Pois foi exatamente o que aconteceu no jantar de Gala (e de encerramento) do SP Food & Wine realizado no hotel Hyatt.
Lugar bacana (Grand Ballroom), comida maravilhosa (só pra exemplificar Alex Atala fez uma das entradas, Francis Mallmann, um dos pratos principais), vinhos idem (o próprio Luis Pato, que por sinal é uma simpatia, veio a nossa mesa pra explicar como o espumante rosé dele foi feito), música ao vivo.

Equação perfeita pruma noite perfeita! Bom, quase perfeita porque “os grandes chefes (ou sommeliers) também cometem enganos”. Vamos à análise dos pratos: (as fotos estão um pouco escuras porque a iluminação não ajudou muito, mas vale muito mais pelo registro).

Entrada I

Filé de Robalo com Champanhe e Ovas Mujol
fe
ito por Kevin Thornton, rest Thornton’s , Dublin, uma estrela do Michelin

Lá vem o robalo (o frango dos peixes) de novo! E com uma bela espuma de champanhe além do mais belo ainda caviar como “guarnição”.

 

Acompanhou o belíssimo Espumante Baga Rosado Luis Pato, Portugal que nós (eu e a Dé) achamos que formou uma das melhores harmonizações da noite. Este espumante tem uma característica muito interessante: após ser bebido, você tem a nítida sensação de ter tomado um vinho tinto e dos bons.

Entrada II

Consomé de cogumelos com perfume da Amazônia
feito pelo Alex Atala do D.O.M. que dispensa apresentações.

Simplesmente cogumelos (shitake, paris, shimeji) cortados em lâminas com um simples consomé. Simplesmente delicioso!

 

Acompanhou o Indigene Puilly Fumê 2006 Pascal Jolivet Loire que foi a outra bela harmonização da noite. Um vinho alegre (e olha que não estávamos muito, ainda!).

Principal I

Namorado no vapor de bergamota, limão siciliano suave e tâmara médjol
feito por Nicolas Le Bec, chefe e o nome do restaurante 2 estrelas do Michelin de Lyon.

Todo o prato teve o limão como elemento de ligação. Muito bom e com a tâmara (não sei o que é médjol?) fazendo um belo contraste salgado/doce.

 

O vinho foi um Crozes Hermitage Mule Blanche 2002 Maison Jaboulet que (pro nosso gosto) não casou muito bem com o prato pois ele aparentava (pela cor muito amarelada, quase dourado!) já estar muito “maduro” (na verdade, “passado”).

Principal II

Tournedo de cordeiro cozido lentamente, chocolate e mini banana
feito pela Montse Estruch, restaurante El Cingle, Barcelona.

Certamente, o pior prato da noite. Um “carnão” cozido com um molhito de chocolate e uma mini banana frita por cima (com casca e tudo!). Quase um PF catalão!

 

E acompanhado pelo Boekenhortskloof Syrah 2005 South Africa que é tão bom quanto a dificuldade que existe em falar o seu nome corretamente. Este vinho é demais!

Principal III

Filé orgânico com purê de batatas, rúcula, amêndoas e tomate-seco
feito pelo Francis Mallmann do restaurante 1884 de Mendoza, Argentina.

Nós continuamos com a mesma opinião. O Francis Mallmann é um “mão pesada”! As comidas dele são muito grandes e densas demais. Portanto, gostamos bem pouco. Na verdade, a Dé gostou menos ainda pois ela não come carne de jeito nenhum e o ponto da do prato era boi no pasto!

 

E o vinho, um Catena Alta Malbec 2005 Catena Zapata Argentina também foi correto e talvez prejudicado pelo pratão do Mallmann.

Sobremesa

Torta de caramelo com chocolate amargo, caramelo com flor de sal e mousse de chocolate ao leite
feita pela Claudia Fleming do Gramercy Tavern, NY.

Sobremesa deliciosa (e olha que eu não sou muito fã de chocolate. A Dé adora!). A grande sacada foi colocar a flor de sal pra dar um sabor diferentão.

 

E por falar em diferentão, o vinho de sobremesa Etxe Oneko 2005 Pisano Uruguai era muito pitoresco pois parecia um Porto só que com taninos bem destacados. Muito interessante.

Ah! A foto acima é de uma das boas idéias do evento. Haviam dois grandes telões dentro da cozinha acompanhando o movimento dos chefes (e de suas brigadas) e a foto à esquerda, é justamente das sobremesas sendo montadas pela Claúdia Fleming .

Banquete terminado, apresentação dos chefes e de toda a equipe, só nos restou nos despedir dos nossos companheiros de mesa (coincidentemente todos do ramo de supermercados) e pegar o elevador (14 andares) até o nosso quarto e terminar a noite com a bela visão do novo cartão postal da cidade: o Estilingão!

    

Bye !

.

 

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Há 9 comentários

  1. Oi Edu!
    Eu fui ao evento do SPF&W, mas para o jantar da vespera, com Francis Mallamn. Tbem achei a mao dele “pesada” na carne.. dos 4 vinhos Catena, so´ um realmente merecia destaque. Mas valeu, a noite foi muita gostosa – ainda mais que calhou com meu aniversario de casamento!

  2. Caríssimo,

    esbocei algumas dicas para sua viagem gastronômica ao Canadá, estão lá no meu blog. Agora, se me permite a sugestão, acho que uma ótima referência pra você é a Alexandra Forbes: além de entender bastante do assunto, ela vive no Canadá. Você já pediu algumas dicas pra ela?

  3. Um banquete mesmo!!! Meu marido “zen” vibra quando ouve dizer que alguém não come carne vermelha de jeito nenhum. Eu confesso que tento, mas não consigo resistir…

    Em baianês o novo cartão postal seria um “badogão”. Agora, uma curiosidade, ele serve algum propósito ou é meramente “decorativo”?

  4. Final de semestre para professor é tempo de muito trabalho. No meu caso, que também coordeno um curso na universidade, é tempo de adoecer de tanto trabalho. Foi o que aconteceu literalmente. Os dias de cama foram dedicados à leitura, impressa ou on line, no caso, DCPV. Não tinha ânimo para responder, mas quanta novidade! SPFW, NY, 100 anos da imigração japonesa!

    A cada novo post percebo como tudo isso é tão distante de mim. Quantas vezes, como Renata, não encontro nos menus nada que se encaixe no meu gosto. Uma vez, de dez dias em NY, pedi o mesmo prato – uma massa no restaurante da Macy’s – por cinco dias. Tive a sorte de ter ao meu lado alguém muito paciente que não se importa de comer na Macy’s estando em NY!

    Certa vez, em Paris, enchi-me de coragem e decidi pedir um filet. Quando o maître perguntou se desejava o filet “bien cuit”, sabendo que o bem passado do francês e dos chefes costuma ser cru para mim, na tentativa de me fazer entender respondi brincando que desejava o filet “très très très bien bien bien cuit”. Ainda completei com um “Noir, pas rouge”. Claro que o mesmo chegou no ponto do Prato Principal III, descrito por Eduardo: boi no pasto. A solução foi improvisar no meu francês e apostar no bom humor do maître; “Monsieur, je voudrai le filet comme Joana Dark!”. Algum tempo depois, o mesmo surge da cozinha anunciando: “Un filet carbonisé pour madame!”. Um sacrilégio para qualquer um que entenda de culinária.

    As estórias que lia na infância e adolescência permitiam-me viajar, em minha imaginação. Visitei castelos, naveguei mares, desbravei florestas. Ao ler o DCPV, todos esses pratos e ingredientes, desconhecidos por mim, permitem-me experimentar, em minha imaginação, sabores: doce, salgado, agridoce, refrescante, picante, suave… Definitivamente sou mais aventureira no mundo da imaginação. Na vida real, continuo escolhendo filet à milanesa, maionese de batata e arroz branco ou lasanha ao suco.

    Para terminar… Eduardo, estou curiosa quanto ao Projeto Y… Como nossas culturas poderão influenciar nosso paladar? Vou acabar propondo uma pesquisa científica sobre o tema. Seria uma ótima desculpa para incluir uma pesquisa de campo e convidar-me para o segundo encontro do projeto 🙂

    Abraços a todos!

  5. Débora, isto deve ser uma síndrome das Déboras. A minha também vibrou bastante com a sobremesa ainda mais depois do boi andando do Mallmann !!

    Léa, concordo com você. O ambiente estava legal mesmo e espero nunca tomnar um soco do Francis pois com aquela mão… E parabéns pelo aniversário !!

    Luciana, vou dar uma olhada lá no Bistrô. E quanto a Alexandra, já “aproveitei” o suficiente as dicas dela. Inclusive, a revista especial da VT sobre a Canadá que ela praticamente escreveu sozinha ( tem artigos dela de tudo o que é lugar) está excelente !

    Agdá, nós temos isto em comum. A Dé não suporta carne vermelha. Eu nem tento e nem sou politicamente correto : como mesmo !
    Quanto ao estilingão (ou badogão) é uma ponte ultra moderna que liga um lado ao outro da Marginal Pinheiros e também lojas luxuosas ( Shop Cidade Jardim, Pão de Açucar Especial) com uma favelinha !!!

    Adriana, na verdade, a gastronomia é uma fonte inesgotável de pesquisas e de aventuras. Continuo com a máxima do sábio Ricardo Freire, o Riq : “ir a um restaurante é uma pequena viagem e viajar é uma grande refeição”. Quanto a pesquisa de campo, estamos abertos a discussões ( colocarei a reinvidicação na próxima pauta já que os projetos Y serão realizados bimestralmente !). Ah! Este primeiro foi muito bom e postaremos ( nós, a Marizé do Tachos de Ensaio e o LPontes do Comidas Caseiras) na próxima terça-feira (08/07).

    Abs a todos !

  6. Apesar dos pontos baixos, com certeza foi um jantar memorável. Os vinhos pelo menos, não parecem ter decepcionado.
    Eu não sou muito de doces, mas tenho que concordar com as Deboras de que a sobremesa parece um sonho 😉

  7. Emília, na verdade os pontos baixos não foram tão baixos assim. É que num jantar destes a expectativa é de que tudo dê absolutamente certo. E a tendência ( e foi o que aconteceu) é você cobrar um pouco mais do que o normal. Se bem que, o Francis Mallmann é um mão pesada mesmo !!!

    Abs.

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