número 273
16/11/10
dcpv – 33° Inter Blogs – Isabela Tibo e o Maçarico Gourmet no dcpv
“Depois de muito pensar, resolvi simplificar e simplesmente escolher os pratos que mais gosto de fazer e comer”.
Esta é a síntese deste interblogs, o 33º (quer saber o que é?).
Já faz um tempão que eu convidei a Isabela pra participar deste projeto. Ela estuda gastronomia em BH e tem um blog, o Maçarico Gourmet com um jeitão bem moderno e receitas tanto quanto.
E estas receitas podem parecer difíceis, mas não são pois a execução delas é tranquila e melhor, o resultado é excelente.
Perceba que a mistura de tudo é marcantíssima: couscous, carne de sol, badejo, tapioca ou seja, mar e sertão. E justamente semelhante ao menu que a equipe dela apresentou num concurso lá em BH que tinha como tema : de Guimarães Rosa ao cerrado: o sertão vai à mesa.
Existem teorias de que o sertão já foi um mar. Pois aqui no dcpv e neste interblogs, o sertão ferrazense vai virar mar, dá no coração, o medo que algum dia, o mar também vire sertão. (homenagem ao Mingão que adora Sá, Rodrix e Guarabira)
Vamos então ao 33º interblogs e a participação ilustre da Isabela Tibo.
Uai, uai, sô!
Entradas – Minigratin de Banana da Terra e Carne de Sol e Couscous Marroquino com Camarão.
Este minigratin é praticamente um upgrade de escondidinho. Mesmo porque, o conjunto da obra é uma mistura instigante de banana e carne de sol.
Pra fazer é bem fácil: corte a carne de sol dessalgada (e by sex shop, no nosso caso) em cubos e doure num fio de azeite, junto com uma cebola picada em pedaços grandes e folha de louro. Coloque água suficiente pra cobrir. Assim que estiver cozida, desfie e volte pra panela com a cebola. Reserve.
Corte banana da terra (by sex shop again) em cubos e doure na manetiga. Reserve também.
Numa panela derreta 2 colheres de manteiga, junte 2 colheres de farinha de trigo e mexa por alguns minutos. Acrescente 500 ml de leite e cozinhe até o molho engrossar (cuidado pra não empelotar). Junte 250 ml de creme de leite fresco, cozinhe mais um pouco e acrescente 2 colheres de parmesão ralado. Tempere (sal, pimenta e noz moscada). Reserve.
Tudo pronto, é só montar em panelinhas refratárias.
Uma camada de banana, …
…uma de carne de sol, …
… e finalize com o molho branco, além de parmesão ralado. Leve ao fogo pra gratinar.
Já o couscous é cheio de ingredientes e de bossa, mas também bem simples de executar.
Esquente um bom caldo de camarão (feito em casa), coloque pistilos de açafrão e tempere com sal.
Junte o couscous e deixe hidratar.
Tempere os camarões médios com sal e pimenta.
Saltei-os no azeite.
Na mesma frigideira refogue cebola, alho …
…abobrinha, …
… cenoura, gengibre, pimenta dedo-de-moça …
… e os camarões salteados.
Misture canela, salsinha e hortelã e junte tudo ao couscous.
Esta entrada (gratin+couscous) simplesmente entrou pra história do dcpv, Isabela.
Ela ficou perfumada, saborosa, quente, fria, crocante, úmida ou seja, tudo o que se espera dum grande prato.
Todos adoramos: a Dé comeu tudo, eu também e o Mingão adorou tanto que comeu tudo o que estava na mesa.
E aproveitei pra ousar um pouco e harmonizar com um Moscato d’Asti Bosc dla Rei Batasiolo, um vinho branco doce/frizante que combinou muito com o espírito agridoce (banana/canela/couscous/camarão/carne seca) de tudo.
Por incrível que pareça, o achamos “sweet, inusitado, lambruscoso“.
Principal – Badejo em Crosta com Spaghetti de Pupunha e Molho Leve de Moqueca.
“Como sou baiana e adoro comida baiana, escolhi uma variação da moqueca para o prato principal. Nesse semestre estou estudando cozinha brasileira e meu professor tem feito um trabalho bem interessante. A cada 15 dias ele escolhe um prato típico da cozinha regional brasileira e cada grupo tem que criar uma variação desse prato. A ideia é remeter ao prato original. Estou usando aqui parte da variação que meu grupo desenvolveu para a moqueca. Na faculdade, nós fizemos um badejo recheado com crosta de coco ao molho de moqueca e servimos com purê de mandioca. Para o interblogs, fiz algumas alterações e mudei o acompanhamento, escolhendo mais um ingrediente que adoro, o palmito pupunha”.
Aonde será que eu comprei os filés?
A Isabela indicou pupunha fresco passado na mandoline como um spaghetti. É claro que eu fiz apesar de pequeno filé no meu dedo. 🙂
E a tal crosta (a grande surpresa da noite) é feita de manteiga, farinha de mandioca e coco fresco ralado.
Estes são os preparativos pra fazermos esta moqueca light, chic e saborosa.
Daí pra frente é cozinhar o spaghetti de pupunha em água com sal por 2 minutos, escorrer e saltear com azeite e manteiga.
Tempere o peixe com sal e pimenta do reino e sele dos dois lados numa frigideira.
Coloque-os numa forma, cubra com a maravilhosa crosta e leve ao forno pra terminar o cozimento. Espere até que a sensacional crosta doure.
Ao mesmo tempo, prepare uma pasta com cebola, alho, tomate, pimenta dedo-de-moça, coentro e salsa.
Esquente uma panela, coloque um fio de azeite, colorau, …
… e depois a pasta, refogue por alguns minutos e junte o leite de coco.
Deixe reduzir até parecer um molho e antes de servir, acrescente um pouco de dendê, segundo a Isabela, só o suficiente pra dar um gostinho de moqueca.
Tudo terminado, é só montar colocando um filé de peixe sobre uma cama de spaghetti e o molho ao redor.
O resultado é mais do que surpreendente: a crocancia do pupunha com a leveza do peixe além do molho bem puxado e a estrela de tudo: a crosta!
Não precisa nem dizer que o Mingão repetiu e transformou a Isabela em “deusa da cozinha”. 🙂
Mais uma pequena invenção na harmonização: um tinto Chateauneuf du Pape Fiole Reserve 2007 que além de ter uma garrafa “invocada”…
… se mostrou “palmitoso, e… precoce, eclesiástico e eminente” segundo os alunos da Isabela, nós mesmos.
Sobremesa – Tapioca Brulée
Esta receita também é rápida e prática (todo o jantar foi assim). E saborosa (todo o jantar foi assim).
Deixe 1/2 xícara de tapioca de molho em 2 xícaras de leite por cerca de 2 horas. Junte mais uma xícara de leite e cozinhe até que fique macia, mexendo sempre pra não grudar.
Bata 2 gemas, 2 ovos e 1 xícara de açúcar. Misture a tapioca quente aos ovos batidos, 1/2 xícara de creme de leite e divida o creme em forminhas cerâmicas.
Asse em banho maria num forno pré-aquecido a 160º C por cerca de 45 minutos. Deixe esfriar e refrigere. Antes de servir, salpique açúcar e queime com um maçarico.
Ficou sim-ples-men-te ma-ra-vi-lho-so !!
Saboroso e por incrível que pareça, acertei o ponto da casquinha de açúcar. Ficou crocante, com um levíssimo amargor e só não comemos mais por absoluta falta de espaço no estômago.
Ah! Aproveitamos a sobrinha (=pequena sobra) do Moscato (grato, Deo) pra nos esbaldarmos com a tapioca.
Eis a opinião dos calouros gastronômicos:
Perfeito. Do início ao fim. Da cachaça pro vinho. (Edu)
Parabéns, Isabela. Que IB maravilhoso, só teve top 5! (Mingão)
Apesar de não ter comido, adorei. (Déo)
Isabela, grato pela participação neste 33º interblogs e mais ainda por ter acrescentado tanto ao nosso paladar quanto ao conhecimento gastronômico.
Foi interessante demais perceber o quanto um menu pode ser conciso, saboroso, ecumênico, excêntrico, simples, charmoso, contrastante, e por aí vai.
E aí vão as nossas flores virtuais :
Ah! Grato pelo envio da farinha de mandioca e da goma de tapioca, ambas DOP.
Parece brincadeira, mas depois disto tudo, ainda ganhamos estes presentes dela.
Até o próximo!
PS – Que será o da Dani do blog O Café da Sereia (ele anda um pouco parado, mas quem sabe depois do interblogs ela não volte?), nos apresentando um tremendo menu britânico. E melhor, não tem nada a ver com o Mr Oliver!! 🙂
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Há 8 comentários
Simplesmente ma-ra-vi-lho-so!!!
Estou com o DÉO: Não comi, mas gostei!
O Batasiolo foi para matar a saudade? (e incentivar os donos a manter umas barriquinhas no hotel) – rs
Esse menu realmente parece dos Deuses, como disse o Mingão: a deusa mineira da gastronomia.
Os pratos ficaram bonitos para DÉ-Déo (hum, essa foi ruim!!!)
Sensacional!!!!!! mas, como foi que ela fez a pirâmide de couscous????!!!!
Uaaaaaaaaaaaaaaaau, ISABELA!
Que bela culinária!
Parabéns!
Tudo de dar água na boca e lindamente preparado pelos Luz.
Esse brulé de tapioca deve ser uma coisa de louco! E essa crostinha no peixe??????????? Que idéia genial!
EDU
Não me venha com esse papo de prático e rápido, tá? Pode até ter sido prático, mas rápido é o que não foi! Há muitas etapas, ingredientes e vasilhas envolvidas aí. Eu sei muito bem o tempo que se leva para fazer tudo isso! E haja louça!
Prático e rápido é macarrão ao alho e óleo, e puré de batata com medalhão de filé. Para a Adriana, bem passadíssimo, por favor!
Esse cardápio da Isabela não tem nada de rápido, mas está fantástico e eu vou reproduzí-lo logo logo. Quero as proporções para a crostinha do peixe, s’il vous plaît!
Beijos em todos.
Que delícia Edu, parabens Isabela!!!
Nada como reviver clássicos e explorar ingredientes brazucas com inovação e classe.
Também quero os detalhes da estrela da noite, a crosta!
Ando vidrada em couscous, ficou fantástico e o escondidinho parece maravilhoso, apesar de nunca ter provado carne de sal e de não ser grande fã de banana. Mas acho que banana escondida marchava muito bem 🙂
Edu e Isabela
parabéns aos dois: menu arrasador!!
Adoro todos os ingredientes tão tradicionais mas com cara tão contemporânea.
Hummm… que vontade que dá de prepará-los e saboreá-los!
Edu, queria te agradecer mais uma vez por me convidar para participar do IB, adorei! Melhor mesmo só se estivesse aí com vocês.
Fiquei muito feliz de saber que o menu agradou a todos, até quem não comeu, rsrsrs! Obrigada pelos elogios!
Ah, não podia me esquecer, obrigada pelas flores virtuais!
Sócio, este é um menu pra se repetir em qualquer ocasião.
O Déo também não gostou do trocadilho! 🙂
Katia, a pirâmide foi feita com uma forma comprada no mercado de Surquillo em Lima.
Sueli, não é papo. É uma questão de referência. Como a maioria dos IB tem receitas um pouco mais elaboradas (sorry), este apresentou receitas bem mais simples, mas não menos saborosas.
Tem prato aí que é mais rápido do que fazer um medalhão de filé com purê de batatas. rs
Madá, delicioso sim. A crosta é formada de 100 g de manteiga, 90 g de farinha de mandioca DOP e 90 g de coco ralado fresco. É só misturar e usar!
Ameixa, você e o seu humor sacana/sarcástico. 🙂
Se você gosta de couscous verdadeiramente esta é “a” receita.
Kika, pode preparar pois você vai adorar.
Isabela, grato a você por esta belíssima participação.
Quando quiser aparecer por aqui, é só avisar já que todos os participantes são confrades honorários do DCPV.
Abs maçaricados pra todos.