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dcpv – da cachaça pro vinho – projeto l – cucurbitáceas.

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08/01/11

dcpv – Projeto L – Cucurbitáceas

Calma pessoal, isto aqui não está se transformando num laboratório.
Esta é a terceira edição do projeto L (veja as outras duas, a 1ª e a 2ª) onde ou eu ou o Luís Pontes (do excelente blog Outras Comidas) indicamos alternadamente um menu pra que ambos o reproduza em sua casa e depois publique sobre as respectivas impressões.

Desta vez, o pesquisador fui eu. E me lembro que alguém em algum período (deu pra perceber que eu não me lembro quem. Me ajudem! rs  Atualizando: Já fui ajudado – A Cristina me disse que foi ela) tinha me informado que fizeram um concurso gastronômico cujo tema era a ábobora lá em MG e, inclusive, me enviou um link com as receitas vencedoras. Eu arquivei e guardei. Daí a pensar num menu só com abóboras foi um pequeno passo.

E porque as cucurbitáceas? Porque este é o nome científico (grato Neide do mais do que excelente Come-se, que escreveu toda a parte técnica sobre o vegetal alaranjado) não só da família das abóboras, como também do chuchu, melancia, melão e pepino.

E aproveitei pra escolher a moranga como tema pois ela é um tanto quanto desprezada por aqui apesar do prestígio que tem na Europa (será que é bem mais caro por aí, Luís?).
Estou falando como alimento e não como decoração de mais uma tradição eminentemente brazuca, o Halloween! 🙂

Portanto vamos a terceira edição do projeto L com a Cucurbita Maxima Duchesne como ingrediente principal.

Travessuras ou gostosuras?

Nota da redação: se alguém percebeu, esta data, 08/01 é um sábado. Portanto, este L foi um petit comitê.
Só a Dé, eu e a D Anina e feito na praia, com uma pequena chuva muito boa pro crescimento das cucurbitae.

Entrada – Carpaccio de Moranga com Camarões ao Perfume de Laranja e Confit de Pomodorini.

“A abóbora moranga é boa para enriquecer a dieta com carotenoide, precursor da vitamina A, essencial para a manutenção da visão noturna, além de promover a saúde da pele, dos ossos,dente e sangue”. Ou seja, morcegos só devem comer abóboras! rs
Para fazer este carpaccio você precisa assar uma moranga inteira (eu assei um pedaço) e com casca no forno alto e pré-aquecido por 30 minutos.

Assim que assar, lamine em fatias bem finas.

Salteie alho e camarões VG (seguindo o conselho da Dé e da minha mãe, comprei dos pequenininhos) com azeite de ervas.

Reduza o suco de 10 laranjas até encorpar.

Para o confit de tomatinhos, coloque-os numa panela com azeite (até que eles estejam cobertos), junte louro, zimbro, tomilho e cozinhe-os em fogo muito baixo, …

… controlando a temperatura pra que eles não fritem, por ~ uma hora (se precisar, retire a panela do fogo algumas vezes).

Monte sobrepondo os camarões ao carpaccio de moranga com o molho das laranjas reduzidas por cima.

Guarneça com o confit dos tomates-cereja.

Absolutamente perfeito, saboroso e aproveitei pra exercer a criatividade.

Tomamos um rosé, o francês Cotes du Rhône E. Guigal que foi … rosé.

Principal – Nhoque de abóbora ao molho de linguiça caipira flambada na cachaça.

“Abóbora é ruim para ser consumida em excesso, pois o caroteno se deposita em especial na pele, dando a pessoa uma aparência amarelada, que, embora não tenha efeito tóxico, causa má impressão”. Xiiii, será que foi por isso que nos chamaram de Débola e Edualdo! rs
Pra fazer o nhoque, basta fatiar 300 grs de abóbora moranga e levar ao forno regada com azeite e sal junto com 300 g de batata. Ambas cobertas por papel alumínio.

Retire as cascas e passe no espremedor, adicione 1 ovo, 1 colher de sopa de manteiga e farinha de trigo o suficiente pra enrolar.

Enquanto isso, faça o molho refogando 1 dente de alho picado e colocando 500 g de linguiça de porco esmigalhada (usei uma picante) e deixe fritar.

Logo depois, coloque 50 ml de cachaça e flambe.

Acrescente 300 g de tomate pelatti, manjericão a gosto e deixe apurar.

Tempere com pimenta calabresa e junte 200 g de cogumelos.

Finalize com 200 ml de creme de leite fresco.

Já pro nhoque, é so enrolar, cortar e cozinhar.

Junte ao molho, salpique com queijo de Minas curado ralado e sirva.

Mais um prato muito saboroso e encorpado. E isto porque o nhoque ficou um pouco pesado (eu não tinha um amassador e acabei usando o garfo).

Assim, vale ser chamado de “amarelão”.

 Sobremesa – Doce de Abóbora com coco e sorvete de mascarpone.

“100 g de abóbora moranga cozida contém 20 calorias, 1,7 g de fibras, 0,091 mg de cobre, 0,571 mg de ferro, 18,3 mg de fósforo”. Uau!
O doce é o tipicão. 300 g de abóbora em cubos, 1/2 xícara de água, 4 colheres de sopa de açúcar, 2 cravos da índia, 1 pau de canela são misturados e levados ao fogo numa panela tampada, mexendo de vez em quando até começar a desmanchar.

Retire do fogo, junte 4 colheres de coco ralado fresco e sirva frio.

Já  pro sorvete é só colocar 100 ml de leite, 1/2 noz moscada ralada numa panela e levar ao fogo. Assim que começar a ferver, abaixe o fogo e deixe um pouco mais, cuidando pra não transbordar.

Numa tigela, bata bem 2 ovos, 1 colher de chá de maizena e 100 g de açúcar até ficar cremoso. Junte o leite quente e sem para de mexer, deixe cozinhar mais um pouco. Retire do fogo, tampe e deixe esfriar.

Misture 400g de mascarpone com 150 ml de creme de leite. Adicione à mistura de leite e ovos e coloque na Ferrari.
Vou falar a verdade. Não levei a Ferrari pra São Paulo e o que me restou foi comprar um sorvete de cocada com canela no sex shop. Dei uma “daqueles” pescadores.

Coisa que a Dé não fez ao montar a mesa pra tal experimento. Ficou uma belezura!

Bom, é isso! Todos os participantes (nós) adoraram o menu que resultou muito saboroso e bastante curioso, já que como a própria Neide disse, quase ninguém gosta muito de comer abóbora no seu dia-a-dia.

Estamos na expectativa pra ver como foi que o Luís Pontes e a turma dele degustaram este menu.
Espero que a abóbora dele não tenha se transformado em carruagem, o que seria desastroso neste tipo de evento.

Até a 4º edição do projeto L .

Amplexos.

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Há 16 comentários

  1. Gostamos do Michey na embalagem do tomatinho cereja…fiquei imaginando se o tomatinho terinha as orelhinhas dele (rs). Vou procurar (alguem ja inventou isso, sera que nao?)
    O almoço ficou bem legal com toda essa abobora. Mas senti falta da foto do brinde. A Lourdes esta aqui ao lado falando que a mesa, como sempre, é um capricho a parte e mandando beijos.
    Um vinho tinto para acompanhar esse nhoque com calabresa picante, tambem teria caido bem, nao acha?
    Dna Anina, o que achou do menu? (faltaram as famosas frases finais).
    Mas, ja sei, nao era um DCPV; nao era um IB; nao era um ISB..Ok, era um Projeto L!!! Ja sei…ja sei. Abs e bjs micheyzados e miniezados para voces.

  2. Adoro abóbora, acho que o quilo está um pouquinho mais caro por aqui mas é sempre um bom investimento. Adoro fazer pizza com cebolas caramelizadas e abóbora, nas massas e arroz também ficam óptimas, já para não falar das tartes, bolos, panquecas e o doce com coco que é o meu favorito 🙂

  3. Olá, Edu,
    Como você pediu pra te lembrar, vou fazê-lo… Fui eu quem lhe encaminhou o link com os receitas com abóbora. O concurso gastronômico foi promovido pela Globo aqui de BH e aconteceu na deliciosa Tiradentes. A seguir, o link da página do concurso com todas as receitas vencedoras: http://www.globominasemtiradentes.com.br/receitas
    Bem, nem precisa falar… mas vou falar… Parece que tudo ficou maravilhoso… e uma delícia… Parabéns…
    Agora não tem mais jeito: vou ter que fazer o nhoque… fiquei morrendo de vontade!
    Abraços cucurbitáceos!!!

  4. Olá Eduardo,

    Que bela sessão esta nossa 3ª!
    Tá visto que a abóbora não virou Ferrari, uff! que alívio, já viste como é que a gente cozinhava um Ferrari?

    Mas a Fada Madrinha esteve do nosso lado e agora tenho de me pôr a trabalhar para o L4! Abração

    Luís

  5. Luiz Pontes (desculpe EDU, usar o DCPV de “correio eletronico” – rs; mas foi o jeito), tentei deixar o comentario la no seu blog. Mas pela conta google ele pede palavra chave. E eu lembro la a palavra chave? Tentei diversas vezes…e desisti. Deixo aqui a mensagem que ia deixar la:

    Luiz Pontes, duas versoes de uma mesma receita, preparadas ca (Brasil) e la (na terrinha). Gostei do que vi. Como nao comi, nao posso opinar (rs). Mas as “variacoes” sobre o mesmo tema tambem sao interessantes: ha sempre necessidade de improvisar. E olha que voce ainda improvisou menos do que o nosso amigo Luz (que saiu logo para comprar o sorvete no sex-shop! -rs). Parabens!
    Abraço, Eymard

  6. Ameixa, gostei da dica da pizza. Farei!

    Cristina, ainda bem que você reparou o meu esquecimento. Vou consertar lá no texto.
    Faça o nhoque. E tudo o mais. Grato pela dica.

    Luís, além dela não virar uma Ferrari, eu ainda não usei a minha! rsrs
    Ao L4. Estou no aguardo.

    Sócio, esteje a vontade.
    A palavra chave não seria “Basmati”! rs
    Quer dizer que o chef já está tripudiando sobre o sócio só porque ele comprou um sorvetinho no sex shop? rs

    Abs ” lo unico que corre es o viento” pra todos.

  7. Ao ver o tema do 3º Projeto L pensei: abóbora? Mas acabei me surpreendendo ao perceber que a abóbora me trouxe algumas lembranças de diferentes fases da minha vida.

    Na infância, a estória preferida era Cinderela. Quando ainda não sabia ler, a ouvia atentamente, esperando ansiosa pelo momento das doze badaladas, quando a carruagem se transformava em abóbora. Nunca acreditei que ela conseguiria chegar até sua casa antes do fim das badaladas e isso me deixava aflitíssima. Não sei em que momento da vida troquei o “viveram felizes para sempre” pelo “que seja infinito enquanto dure”. Talvez nas aulas de Língua Portuguesa, quando descobri os sonetos.

    Quando os meninos se tornaram possíveis príncipes encantados comecei a namorar. No primeiro almoço, na casa da família italiana do primeiro namorado, a especialidade da mãe: tortei. Pareciam pastéis de abóbora. Aos 15 anos era mais educada – ou menos segura – e acabei comendo aquilo que para mim seria muito mais gostoso se fosse um simples capeletti recheado de carne moída.

    Já na universidade, as tradicionais festas das bruxas, da Escola de Arquitetura, eram imperdíveis. Não éramos príncipes e Cinderelas, as abóboras não viravam carruagens, mas nos divertíamos todos até a última badalada, iluminados por abóboras sorridentes.

    Mas é na “comidinha gostosa” que ela tem seu destaque em minha vida. Desde a infância, e ainda hoje, preparada com carinho por minha mãe, quando vou almoçar em sua casa. E por Sueli, quando me recebe em Brasília. Arroz branco, caldinho de feijão (só como feijão quando tem comidinha gostosa), lingüiça, couve e abóbora. A pimenta foi sendo acrescida aos poucos.

    Edu, tenho que confessar que o carpaccio de moranga com camarões e o nhoque de abóbora ao molho de linguiça me pareceram deliciosos. Quem sabe um ISB não tem como tema os menus do Projeto L? Não seria má idéia. Posso contribuir com uns docinhos de abóbora cristalizados. Seria mais uma história de abóboras para relembrar um dia.

    Como Eymard, também li o blog do Luiz Pontes. Também gosto dessas variações sobre um mesmo tema, que na culinária acabam levando ao improviso. E como me encantam as variações do nosso português. O uso da ênclise, do infinitivo no lugar do gerúndio e da segunda pessoa deixa o texto do Luiz Pontes com um delicioso sotaque português.

    Abraços!

  8. Queridos,
    Que maravilha! Tudo irretocável!
    Adoro as cucurbináceas, as laranjinhas e as verdinhas, em todas as possíveis variações. Das flores às sementes, tudo delicioso, e agora mesmo me ocorrem várias e várias receitas. Uma bela escolha para trabalhar sob um mesmo tema, Luís!

    Adrina, depois de um longo silêncio, fazendo sua volta triunfal, de Cinderela a Helloween, passando por uma delicada homenagem a sua mãe e a essa que vos fala. Seu texto está tão suculento quanto esse cardápio. A mente agradece.
    Também sou encantada com a maneira de se expressar dos nossos patrícios. Basta uma única frase para identificá-los e a forma como descrevem as receitas é ótima.
    Beijos e parabéns a todos.

  9. EDU,
    Depois desse post, com tanta propaganda explicita do sex shop, o patrocínio está definitivamente estabelecido, não?
    Até eu, que sou mais boba, me renderia a tanto apelo!
    Agora foi, ou vai!
    Beijos a vocês.

  10. Sueli, estava precisando “entrar de férias” de verdade. Cinema, leitura de livros novos que se acumulam na estante por total falta de tempo de ler outra coisa que não aquelas da universidade, arrumar gavetas, namorar sem me preocupar com as “doze badaladas”, assistir à minha própria maratona de “Sex and the city”, promovida com os DVDS da série presente do Natal passado. Mas aos poucos vou voltando ao computador e aos amigos espalhados pelo mundo.

    Logo, logo temos que começar a pensar no nosso 3º ISB.

    Beijos e obrigada pelas sempre carinhosas palavras ao meu texto :- )

  11. Adriana e Sueli: estamos completamente sem condiçoes de comentar com os merecidos “devaneios”! Mas leio tudo e me delicio com tudo. bjs eymard

  12. Desculpe, mas não achei outro local para postar esse assunto.

    Vi que seu excelente blog está no Blogroll do Blog Aquela Passagem e então resolvi solicitar que dê sua opinião sobre esse post:

    http://www.aquelapassagem.com.br/lobo-em-pele-de-cordeiro-sobe-na-vida-apoiando-se-sobre-o-trabalho-dos-outros-e-fazendo-se-passar-por-expert-do-que-nao-consome-ou-domina-profundamente/

    Não sou dona de blog, mas se eu tivesse no lugar do Rodrigo, eu realmente também estaria muito chateada. Plágio existe, mas tem limite. Estou tentando ajudá-lo, pois por muitas vezes fui ajudada com suas ótimas dicas. Agora não posso deixar que um blog desse nível deixe de existir por falta de ajuda dos seus leitores.

    Se vc puder, por favor, se posicione e vamos levar essa matéria adiante!

    Obrigada.

  13. Edu, sobre a abóbora, por coincidência, estou com uma idêntica esperando para ser preparada. E os tomatinhos, assim confitados, dão água na boca. A embalagem é uma atração à parte e até fica difícil descartá-la.

    O excelente blog Come-se, da Neide Rigo, merece um prêmio pelo valioso serviço que presta nos mostrando as qualidades nutritivas e a utilização de alimentos que não valorizamos no nosso dia-a-dia mas que estão a nosso alcance, às vezes nas ruas e praças das nossas cidades.

  14. Drix, a única lembrança que eu tenho das abóboras é que eu não gostava delas.
    Menu do ISB baseado no L? Por mim, tudo bem: você e o Eymard é que vão cozinhar! 🙂

    Sueli, tudo bem. Hoje já aprendi a gostar.
    Patrocínio? Ainda estamos em negociação!

    Sócio, o tempo passou e vocês já estão em BSB.

    Mel, já passei lá. Força pro Rodrigo.

    Gelateria, e os sorvetes?

    Maria das Graças, sabe que eu também fiquei fascinado pela embalagem?
    O Come-se e a Neide merecem vários prêmios.

    Abs tartufados pra todos.

Dê a sua opinião, please!