26/03/2011
dcpv – Brasília – Simon e o Aquavit.
Vocês lembram que fomos mentalmente ao jantar babettiano que o Simon fez lá em Brasília?
Pois bem, desta vez a coisa foi real. Aceitamos o convite do sócio e partimos pra capital brasileira.
Um destino de comilanças e bebelanças, ainda mais com experts como a Lourdes e ele nos guiando.
Não precisa nem dizer que a primeira noite foi dedicada a conhecer o Aquavit e o porque do Simon Lau ser escolhido o chef de 2010 pelo Guia Quatro Rodas Brasil.
Queríamos ver e sentir toda a “experiência voltada aos sentidos, baseada na mistura das culinárias dinamarquesa e brasileira“. Ainda mais depois do dinamarquês Noma ser eleito o melhor restaurante do mundo (em tempo: eu ainda não consigo entender como é que se chega a um resultado desses?)
Marcamos pras 21:00hs e chegamos um pouco atrasados (acho que estamos contaminando os Loguércio).
O lugar é lindíssimo. Uma bela mansão no Lago Norte e com uma vista pro próprio de tirar o fôlego.
Ela é muito bem decorada e ajuda muito o fato de saber que o Simon mora lá.
O restaurante funciona da seguinte maneira: um menu fixo (de duração de ~45 dias) com duas opções de entrada, duas de prato principal e uma sobremesa, além da possibilidade de se fazer uma harmonização com taças de vinho pra cada um dos pratos. E, melhor, ele dá a possibilidade que a pessoa escolha 3, 4 ou 5 pratos.
Tudo explicado, a Dé, obviamente escolheu o de 3; a Lourdes estava inspirada e optou pelo de 4 pratos.
O sócio e eu fomos no de 5, pois não deixaríamos ninguém com a curiosidade aguçada por não conhecer tudo o que se oferece por lá. rs
Isto posto, iniciamos os trabalhos propriamente ditos. O couvert chegou com pães, manteiga e um patê (Lourdes???).
Como entrada comum a todos os presentes, uma terrine de lagosta com gelatina de mexilhões, sorvete de abacate com pimenta, sorbet de grapefruit e farofa de peta. Este prato foi muito bem harmonizado com o espumante Poggio al Tesoro Solosole 2009 Itália.
Fizemos uma verdadeira conferência pra chegar ao veredicto. E chegamos a conclusão que apesar de tudo estar quase perfeito (farofa de peta é igual a farofa de biscoito de polvilho), tinha alguma coisa não cheirando muito bem no reino da Dinamarca: era a lagosta que por estar totalmente crua, trouxe junto um odor não muito agradável.
A próxima entrada também foi comum pra todos: sopa de tucupi com pescadinha assada e sagu, temperada com cebolinha e pimenta de cheiro sob crosta de mandioca. Esta teve aprovação total pois o caldo era muito saboroso, a tal crosta de mandioca era deliciosa, finíssima, crocante e o sagu era realmente um sagu! rs
Tomamos um vinho branco Leyda duma uva bastante desconhecida, a Sauvignon Gris. Per-fei-to!
Pedimos uma porção extra de pães (pra Dé e pra Lourdes) e o terceiro prato chegou.
Este era pra fortes (e fominhas!): carne de barriga de porco cozida sous vide, com geléia de cajá-manga, vinagrete de mostarda, batatas cozidas e redução de porco.
Este prato, que parecia muito “folclórico” se mostrou delicado e delicioso. Nós, os homens, adoramos.
Ainda mais acompanhado do encorpado tinto sul-africano, o Remhoogle Roland Collection 2006.
Quarto prato (e mais pão pra Dé). Nós quatro comemos uma codorna desossada recheada servida com espaguete de palmito, redução de codorna e óleo de salsinha.
Que belo prato. A codorninha (mesmo) estava macia, tenra e o espaguete de palmito se contrapunha a doçura da carne. Mais um tremendo acerto.
Tomamos um vinho tinto francês St Espirit Côtes du Rhone 2008, que a Dé também recebeu uma taça apesar de não fazer parte do “pacote” dela. Uma atitude muito bacana do maitre.
Era necessário dar uma voltinha pra conhecer o lugar antes da sobremesa. E foi o que fizemos. Primeiro e mais uma vez, a vista noturna deslumbrante do lago.
Logo após, um passeio pela sala com várias obras de arte, sendo a maior, a mesma vista do lago.
Nos sentamos e todos encararíamos um Romeu e Julieta: suflê quente de queijo de minas, doce de goiaba, sorvete de goiaba e bolinho de chuva.
Demoramos um pouco no passeio (daí a arriada do suflê), mas o conjunto se mostrou, mais uma vez, perfeito.
Ainda mais com a escolta do Late Harvest Moscatel Santa Rita 2009 Chile.
Puxa, chegamos ao fim. Cafezinho, risadas, mignardises, risadas, conta e não tantas risadas. 🙂
Resumo da noite: se o Simon é realmente o melhor chef do Brasil, eu não sei.
Mas sei que hoje passamos uma grande noite, comendo uma grande comida, num grande lugar e numa grande companhia.
Acho que basta pra dizer que ir a Brasilia e não conhecer o Aquavit é uma imenso pecado, né não?
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Há 18 comentários
Estávamos nos devendo esse encontro no Aquavit! E, apesar de voce ter começado por ele, porque, realmente, começamos por ele, é certo que o primeiro motivo (já nao precisa mais de “motivo”, nao é mesmo?) da viagem a Brasília foi outro que, certamente, será objeto de outro post. Aguardem!
Mas, voltando ao Aquavit, tínhamos nos prometido que na primeira oportunidade iríamos lá, juntos! Sabe aquele restaurante que voce vai e fica pensando assim: – puxa que falta eles estao fazendo aqui! Nossa, o que será que o Edu ia achar disso? Xii, será que a Dé ia comer isso? Foi assim na “festa de Babete”. Quando do 1. ISB ensaiamos ir. Nao deu! A programaçao foi tao, mas tao intensa (todo mundo já viu) que nao cabia!!! Chegou a vez, e em grande estilo. E, como sempre, belamente ilustrado pela Dé e escrito pelo Edu.
O pate? Depois de uma rápida conferencia com a Lourdes chegamos a conclusao de que era um pate de pato. Desfiado e meio adocicado. Uma delícia….
Demos muita risada (nao deixaríamos de dar, nao é?) do “perfume” de mar da Lagosta. Envolvida em uma faixa de couve, que acentuava ainda mais o cheiro. Era cheiro mesmo! De gosto, era boa. Mas o cheiro deixava uma certa desconfiança. Comi! Inteirinha (os outros comensais deixaram parte….rs). Sobrevivi e bem!
Sueli, para nao morrer de inveja e NOS matar de inveja, voce esta devendo um post sobre as suas peripécias. Ao menos as fotos, né?
Edu, diz a Lourdes que os “Donalds” nao esqueceriam, jamais, do pate!!! (rs)
Cheiro desconfiado? Perfume de mar de Lagosta, xxiiiiii, sei não!
Agora, eu não aguento mais de curiosidade, quanto a saber o que os sócios andam aprontando.
É um tal de vir a Brasília, por outro motivo(?????), que será divulgado mais adiante. Ou se vai a São Paulo por outro motivo (?????)que não se pode dizer, “por enquanto”, qual seja.
Afinal, quando vai ser a revelação?
Fotos lindas, Brasília merece ser vista assim, viu, Dé?
Abraços candangos, “sem perfume”!
“Eta” meninos educados! Nada foi revelado sobre o real motivo do Simon não estar incluído no ISB BSB… rs rs. Fico feliz que Edu e Dé tenham finalmente conhecido os sabores do Aquavit, pois como bem disse Eymard, esse é um restaurante que é a cara dos dois (mesmo eu não o conhecendo… rs) Por outro lado, definitivamente, não é um restaurante que escolheria. Os pratos “soam-me” esquisito (ainda que os relatos os descrevam como “exquistio) e quanto aos vinhos… Sinto-me cometendo um sacrilégio ao afirmar isso aqui no DCPV, mas o faço com a mesma naturalidade com que digo que não gosto muito dos livros de Jorge Amado. Naturalidade porque não estou aqui tirando o mérito de nenhum dos dois. Ao contrário… Reverencio ambos e reconheço a importância de cada um na gastronomia e na literatura. Só que estou relendo Machado de Assis e amanhã vou almoçar arroz de forno de camarão na casa de minha mãe. Ah! E vou torcer para sobrar um pouquinho, para comer na segunda-feira, frio, “saído da geladeira”! A bebida… bem certamente será Coca-cola. Ressaca, só no olhar de Capitu! :- )
Adriana, os gostos “vareia” já se dizia lá na minha terra!
Uns são chiques e os gostos “vareia” paras as coisas mais sofisticadas, né Eymard? rs rs rs Eu fico no simples mesmo. Por exemplo, pasta ao dente com manteiga trufada derretida e trufas brancas de Alba :- ) Brincaderias à parte, é interessante mesmo essa questão de gostar ou não de determinado prato ou ingrediente. As vezes me pego pensando em que momento o sabor do tutu de feijão ficou “delicioso” para meu sobrinho e “horrível” para mim. Do toque da língua até o “gostei”/”não gostei”, como se processa esse “mecanismo químico”? Acho interessante pensar em como “gostos” também são definidos socialmente. Será que crianças pernambucanas gostam tanto de pão-de-queijo como as crianças mineiras? E porque muitos de nós brasileiros, não “achamos graça” no mate do gaúcho, que os acompanha no trabalho, na praia e nas viagens? Esse assunto “dá pano pra manga”. Manga aliás, que eu adoro!
Gente amei o posto fiquei desejando ir ao aquavit…agora uma pergunta será que é do mesmo dono ou rede sei lá do aquavit que tem em ny? eu já fui no de ny…ou será que é plágio de nome? a cozinha parece parecida..os pratos etc…talvez seja hein!
adoro os posts…mais um atrativo para ir pra brasília!eba!
Justo dois dias atras li que o chef Simon Lau usa a baunilha brasileira na produçao dos seus sorvetes (custa muito menos da baunilha importada) e fez uma pequena plantaçao de baunilha brasileira no quintal do restaurante.
Pecado que nào tinha no cardapio desse mes o famoso sorvete de baunilha. Como eu nào sabia da existencia da baunilha brasileira gostaria de saber se tem o perfume e sabor da baunilha do Madagascar.. e ninguem melhor que vcs dizer :-))
Ludmila, o aquavit de Brasília nao é de rede. Talvez uma inspiraçao, nao sei.
Celia, o Simon usa a baunilha nao só no sorvete, mas em outros pratos. Ja experimentei. Ela é bastante perfumada. Acho que ele ainda nao esta produzindo, mas realmente plantou no quintal.
Sim, vai começar a produzir sò em 2012! eu li que ele compra em Goiàs. Na proxima vez que eu ir pro Brasil vou procurar essa baunilha 🙂
Uau, você já postou a vinda a Brasília e eu aqui bobeando!
Muito legal esse jantar no Aquavit, mas acho que a vista e o local foram mais excitantes que o cardápio. Nós temos uns lugares interessantes e vistas deslumbrantes para admirar.
O que mais gostei do cardápio foi a sobremesa.
Foi uma grande pena o jantar para o qual vocês vieram no sábado ter sido exatamente no final de semana que tínhamos viagem agendada! Mas maio está chegando e materemos as saudades.
Bom mesmo é que vocês aproveitaram da melhor maneira essa viagem e realizaram o desejo de conhecer o Aquavit.
A julgar pela introdução, o final de semana foi cheio de recompensas. Aguardo os novos relatos, ansiosamente.
Grande beijo.
Edu
Claro que eu lembro do jantar da Babette em Brasilia!
Mas este jantar de vcs também está maravilhoso…
Fiquei encantada com o menu e a paisagem.
E com a bela amizade dos dois casais.
Bjs.
Gente,
Nem dom Bosco, mesmo depois de uma capirinha de peyotl, seria capaz de prever uma degustação assim em pleno cerrado. Confesso que comi muitas vezes em Brasília (na maioria dos casos concentrado em assuntos menos saborosos do que o jantar de vocês) mas jamais me passou pela cabeça ir ao DF para comer. Começo a mudar de opinião.
Eu e Betty, la Blonde, enfrentamos outra sequência dinamarquesa de cinco pratos,cada qual com o seu vinho, no “Restaurationen”, de Copenhague. Inesquecível, inclusive pelo duelo entre o olho e a barriga.O olho ganhou. Hoje, mais rodado, e sem a obrigação de fazer o roteiro completo para contar depois, eu pinçaria da suite viking servida a vocês a cesta de pães, a sopa e a codorna, sem sobremesa e com café. Para encerrar com um digestivo, homenagearia o nome da casa pedidndo uma dose, prudentemente pequena, de aquavit.
Tenho a certeza de que vocês se lembrarão por muito tempo dessa noite à beira do lago e, quando começarem a esquecer, as fotos ( cada vez melhores!) estarão ao alcance do mouse para trazer o prazer de volta.
Abs,
Dodô
Evandro, depois que conheci Sueli sempre penso em comer quando volto à Brasilia! Agora, se o desejo é de trufa, Lourdes é a “dica”.
Só não conheci o gosto do perú de Brasilia… Mas ainda volto! :- )
Lourdes e Eymard Donald, é claro que iríamos ainda mais por um motivo tão nobre.
E gostei do teaser, você está cada vez melhor! rs
Quanto a lagosta, também comi tudo e também não passei mal, mas ela realmente não estava cheirando muito bem! 🙂
Mara, calma que já, já divulgaremos tudo (o problema ainda é o Starck!)
E prometo que na próxima fazemos uma condcpvenção.
Drix, eu acho que o Simon não faria a Festa da Capittu lá em Bsb. E muito menos faria um arroz de forno com camarão.
Quanto a gostar ou não de alguma coisa, ainda acredito na educação e na cultura. Ah, na necessidade também.
Ludmila, acho que é só coincidência do nome já que aquavit é um destilado famoso pelos ares dinamarqueses.
De qualquer maneira, fica anotada a dica pra quando formos pra NY, certo?
Célia, experimentei também quando o Simon veio fazer o famoso jantar dos perfumes aqui no Hyatt.
É boa, mas não espere aquela fragrância da fava (por sinal, compramos muitas em Dubai a cerca de U$ 0.50 por lá)
Tomara que o sócio consiga uma amostra do quintal do Simon.
Sueli, o jantar foi excelente (lagosta e só ela, a parte).
Uma pena mesmo você e o Jorge não estarem por aí.
À BH então.
Beth, você acertou, inclusive quanto a amizade.
Esperamos que um dia façamos uma refeição divertida destas!
Dodô,grande história e narrativa melhor ainda, como sempre.
Agora só falta nos encontrarmos pessoalmente pra guardarmos fotos conjuntas.
Quem sabe, brevemente, né não?
Drix, cuma ? Gosto do Peru? 🙂
Espero que esteja se referindo a comida peruana, certo Dodô?
Abs aquavitianos pra todos.
Edu, dificil responder ao comentário sobre o gosto do peru sem trocadilhos.. rs Como não estive com Carlos em Brasília, logo…Bem, resumindo: nao me referia à comida peruana, mas ao peru preparado pela Lourdes, como plano B para nosso jantar! rs rs
Drix, o Peru da Lourdes? Entendi ! 🙂
Abs perulitados