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dcpv – da cachaça pro vinho – cozinha shojin ryori. cê sabe o que é?

23/03/11

dcpv – Cozinha Shojin Ryori.  Cê sabe o que é?

Segundo o Chef  Toshio Tanahashi essa culinária “não é um simples meio de obter prazer através da alimentação, mas uma rigorosa disciplina cujo estudo guia para uma compreensão mais profunda do budismo”.

Dizem que tudo nesta vida tem ao menos duas maneiras de se ver. Isto se aplica ao caso da cozinha Shojin Ryori já que se por um lado “conversar” com os ingredientes parece ser um pouco estranho, por outro, só utilizar produtos fresquíssimos e de procedência dá toda a certeza de que se terá um resultado, no mínimo, saudável.

E o que que este post tem a ver com isso? Será que nos convertemos ao budismo?
Quando o chef japonês Toshio veio ao Brasil há um tempo pra preparar um jantar especial no Kinoshita utilizando somente a técnica Shojin Ryori, eu me interessei e tentei, em vão, reservar já que os lugares se esgotaram rapidamente. Por sorte li que ele voltaria pra cozinhar no Kinu, restaurante do hotel Hyatt, corri e consegui 3 lugares (pra Re, pra Dé e pra mim).

Finalmente experimentaríamos a cozinha milenar e budista.
Chegamos no horário (o que não é nenhum mérito já que a filial praiana é ao lado do hotel) e a tempo de vermos a exibição do verdadeiro “manipulador das massas”, o assistente do Toshio e preparador do soba que comeríamos no jantar.

Vimos desde a mistura das farinhas …

…até a abertura perfeita e …

… especialmente o corte.

Enfim, um verdadeiro espetáculo. É claro que o menu seria do tipo degustação com a pré-definição de 7 pratos e a escolhida (por nós) harmonização de saquês e chás.

Começamos o tour com um tofu de gergelim e amido kuzu com wasabi e shoyo. Este tofu é uma das especialidades dele (vou tentar traduzir pro português todos os pratos, inclusive este).

Neste caso, o flan (ou seria um manjar?) era salgado (vocês entenderão brevemente o porque da citação desta qualidade) e com uma consistência que transformava o ato de comer com os hashis numa verdadeira ginástica.  Achamos saboroso e muito divertido.

Acompanhamos com Sen-Chá e um saquê espumante espetacular, o Umenoyado.

O próximo prato certamente agradaria a Dé: uma sopa transparente com tempurá de figo e aspargo verde, biscoito de raiz de lotus e quiabo.

Este talvez tenha sido o mais excêntrico da noite, pois o quiabo foi cortado in natura, o que significou que a baba estava mais do que presente. Ela se juntava ao caldo quente da sopa e passava pela garganta como se fosse um tipo de alga ou melhor dizendo, com densidade duma água viva.

Simplesmente ame-o ou deixe-o. A Ré deixou tudo e a Dé um pouquinho! rs

Partimos pro prato seguinte, o terceiro. Um risotto (lisotto?) de tomate e milho verde grelhado, temperado com frutas e miso.

Mais um prato controvertido na familia Luz, já que todo mundo comeu, exceto a Re que ainda não come tomate em espécie alguma. Achamos (eu e a Dé) bem gostoso, mas estava mais pra malandrinho que pra “lisotto”.

Pra harmonizar, um saquê Nambu Bijin Junmai Ginjo e um Ban Chá de Kyotto. Perfeito e desconfio que estamos nos transformando em “saqüológos”!

O quarto prato foi um Ae-Mono (nada a ver com Aí, mano?).

Que são legumes e frutas da estação temperados com molho verde especial (e um pão com gergelim?). Interessante, esquisito e todo mundo comeu, apesar da aparente falta de sal.

Próximo fotogênico prato? (este tipo de cozinha tem como norma transformá-los em verdadeiras obras-de-arte)

Croquetes de abóbora japonesa, batata e batata doce roxa com molhos de melancia e marolo.

Bom, todo mundo conhece quase tudo deste prato, com exceção do marolo que é praticamente uma espécie de amarula com um gostinho de plástico. E o molho de melancia era bem docinho e denso. Mais uma vez, muito interessante.

E chegou a vez do macarrão soba, aquele que foi preparado no início da noite.

Todos conversamos como seria bom comer “uma massinha com um molho quente e bem temperado”. rs

Ela chegou, o Macarrão Japonês de Soba moda Bukkake (eu tentei procurar o significado no Google, mas…) e com um molho a base de amendoim (um pouco doce). Delicioso, mas com um detalhe precioso: totalmente frio.

Não precisa nem dizer que tive que traçar o da Re também. Graças ao bom Buda, experimentamos o ótimo saquê Mutsu Otokoyama Junmai Chokara.

Estávamos chegando à sobremesa.

E ela, a gelatina japonesa kanten de frutas com creme de tofu e molho de caqui se mostrou como o prato mais esquisito (exquisito?) da noite, já que ao contrário de todos os outros pratos, ela estava ligeiramente salgada. Extravagante e salgada.

O próprio chef acompanhou pessoalmente o balé da montagem.

Pronto, a experimentação terminou.
Vocês podem me perguntar se eu recomendaria este tipo de jantar? Novamente eu recorro ao mesmo expediente do começo deste post: tenho duas respostas pra dar.

Uma, obviamente que sim, especialmente se você nunca ouviu falar da cozinha Shojin Ryori. Você se divertirá como nunca ao experimentar as nuances da comida budista.
A outra é que se você não é muito chegado a coisas deste tipo, fuja!  🙂
Ou melhor, vá comer a comida natural da Tatiana Cardoso no ótimo restaurante Moinho de Pedra.

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Há 8 comentários

  1. Edu, o que realmente vale a pena é a experimentacåo (diversao garantida). Os pratos sao bonitos e, como voce disse, alguns mais saborosos que outros. So de saber que os vegetais sao todos naturais e de boa procedencia, vale a experimentaçao (isso — grifo nos vegetais — para salvar a minha pele se algum dia me oferecerem grilos, insetos…todos de boa procedencia -rs). Pelo que entendi a entrada e a saida (sobremesa) eram salgadas enquanto os pratos intermediarios tinham pouco ou nenhum sal e ate um “docinho”…

  2. Pelo que li no santo google, bukkake soba ou udon é o macarrão cozido e servido apenas com um caldo simples (quente ou frio) ou com molho shoyu para melhor degustar o sabor do massa. Pode vir com acompanhamentos simples como nabo ralado ou flocos de bonito seco.
    Eu achei a apresentação dos pratos muito bonita assim como a filosofia desta cozinha mas ainda prefiro a baixa gastronomia japonesa com muito oden, okonomiyaki, takoyaki, lamen, tonkatsu e yakissoba! rsss

  3. Minha admiração fica toda no olhar.
    Como é linda a apresentação dos pratos! Fico encantada com a beleza dos recipentes e boquiaberta como esmero na preparação da comida. Paro por aqui.
    Pra comer mesmo, é pegar carona com a Adriana e rumar pra turma da Re.
    Certamente diria o Edu, abraços SHOJIN RIORIANOS

  4. Sócio, é isso mesmo, tudo muito natural, mas os temperos são um tanto quanto esquisitos pro nosso gosto latino.
    Quanto ao gafanhotos e etc, eu estou dentro! rs

    Carol, quem gosta de coisas naturais, certamente gostará.

    Akemi, então o chefe não seguiu a regra já que o molho era aparentemente de amendoim,
    E disto tudo o que você citou, só conheço o lamen e o yakissoba.

    Drix, ficha assinada e aprovada. Bem-vinda ao clube. 🙂

    Mara, mais uma no clube. A presidente Re deferiu o pedido. rs

    Abs salgados e doces.

  5. Adorei as louças, o conteúdo não sei e olha que cozinhar de chinelo de meter o dedo e meia calçada… não deve ser nada fácil 🙂

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