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dcpv – da cachaça pro vinho – veneza, o encontro do oriente com o ocidente.

número 307
22/11/2011

dcpv – Veneza, o encontro do Oriente com o Ocidente.

Não sei quanto a vocês, mas pra nós que ainda não a conhecemos pessoalmente, Veneza faz parte do imaginário.
Talvez seja aquela mística de que a cidade desaparecerá; não sei se é por causa da formatação dela. Afinal de contas, não é todo dia que um local fica dentro duma lagoa no Norte do mar Adriático?

O fato é que Veneza está na nossa wish list (e no topo) há um tempão. E não é que procurando por guias sobre a Itália numa destas livrarias da vida (a Dé já está dizendo que precisamos de um quarto só pra guardar as nossas publicações viajandísticas), topei com o livro Veneza, o encontro do Oriente com o Ocidente da historiadora Fernanda Camargo-Moro (editora Record)?

Veneza e o Oriente, uma ligação intensa através dos tempos, quando enormes pinceladas do Leste marcaram a cidade adriática e se fizeram presentes em muitas das manifestações cotidianas de sua cultura. A tentativa que faço é levantar essas raízes e influências culturais, usando como elementos de ligação a Rota das Especiarias, a qual Veneza agilizou, abrindo nela diversos percursos e tendo, graças a isso, colhido mil resultados além de mil e uma histórias, como as que as sherazades trazem pra nós“. Bacana, não?

Sabe que depois de ler e experimentar as receitas do livro, ficamos com mais vontade ainda de conhecer a Recife italiana. 🙂

Vamos lá.

Parte 1 – Das comidas e seus ingredientes.

“O aparecimento das sopas data dos tempos muito primitivos, quando os homens passaram a usar o fogo e mostraram os mais diferentes ingredientes para compor um alimento que lhes desse força para enfrentar as intempéries”.

Pois então, vamos usar o nosso fogo pra esta Minestra di Zucca. Basta aferventar 500g de abóbora (a tal zucca), passar na peneira e reservar.
Soque no pilão, um bom punhado amêndoas sem casca e picadas, misturando um copo de leite.

Coloque no fogo um litro dum bom caldo de galinha, junto com a mistura de leite e amêndoas. Adicione a abóbora mais 4 gemas e o sumo de 4 laranjas.

Esta sopa leva a sério o contexto de ser “um prato único” e é muito saborosa.

Acompanhamos com vinho tinto, o Solpost Fresc 2008 Espanha que foi “linha leve, liedson, milagroso, no puedo quedar”, segundo os mareados, nós mesmos.

parte 1 – Das comidas e seus ingredientes.

“Ao contrário do que se pensa, não são os finos talharins o primo piatto mais querido dos venezianos. Os bem-amados são os risotti, tenros, diversificados e amorosos”.

E pra representar os arrozes na comida veneziana, escolhi um Arroz de Passas à Moda dos Cruzados. “Não se trata de colocar passas na panela e nem de juntar passas ao arroz já feito”.
É isto mesmo: refogue uma cebola média cortada em fatias finas com um pouco de salsa picada até aquelas ficarem douradas. Enquanto isso, use uma panela pequena pra ferver 100 g de uvas-passas num copo de vinho branco.

Numa caçarola maior, refogue 5 punhados de arroz em azeite e meio copo do mesmo vinho branco. Deixe absorver, vá juntando caldo de carne aos poucos e mexendo (o arroz). Adicione as uvas passas e vá acrescentando caldo a medida que o arroz necessite. Reduza o fogo e deixe cozinhar até que o arroz esteja pronto. Sirva bem quente.

parte 4 – Outras histórias.

“O campo delle Beccarie, zona ocupada no sec XIII pelos abatedouros públicos, é um dos lugares de encontro de comerciantes do quarteirão, que ali buscam outros bacari (um tipo de osteria rudimentar) do tipo tradicional veneziano pra cichettare un’ombro” ou seja, fazer um nhanham.
E um dos acepipes servidos nestes lugares eram justamente estas Cebolas Agridoces. São facílimas de fazer e mais ainda. de comer.
Coloque num refratário meio copo de azeite e 2 cebolas grandes cortadas em fatias no sentido do comprimento.

Junte 2 copos de vinagre de vinho branco, onde se diluiu 1 colher de sal e duas de açúcar cristal. Adicione 4 cravos, 8 grãos de pimenta do reino, 1 punhado de uvas-passas e coloque no forno.  Quando o líquido estiver quase seco, borrife 1/3 de cálice de vinho branco e coloque tudo no forno, até que o molho quase desapareça.

parte 1 – Das comidas e seus ingredientes.

“O bacalhau disseminou-se no Veneto, onde cada aldeia, cada cidade, em Veneza, cada taberna tem seus segredos sobre como fazer a mantecatura”.

E este Baccalà à Moda de Vincenza ou a’la Vicentina é pra se esbaldar.

Corte 1 kg em pedaços iguais e refogue numa panela com um copo de azeite, 50 g de manteiga e um pouco de salsa picada.

Tempere e junte 1 cebola cortada finamente, 1 litro de leite, 1 bocado de canela em pó e deixe ferver. Abaixe o fogo e deixe cozinhar até que o leite seja totalmente absorvido.
Misture 50 g de filé de anchovas, mais um punhado de salsa e um pouco de azeitonas pretas (ou seja, coloque a gosto).

Disponha numa forma refratária, junte outro copo de azeite , polvilhe um pouco de canela e leve ao forno por 10 minutos.
Dá pra imaginar isto tudo junto (arroz+cebolas+bacalhau+canela)?

É isto mesmo? Deliciosos!

Ainda mais com um vinho branco Torrontés Colomé 201o que foi “lichivesco, lichivento, muito lichiveso, lichivenkovski“.

parte 2 – Das festas e suas comidas

“No meio dos vendedores de sorvetes, de vinho, as comidinhas principais eram os fritelle e os bigné”.

Como os venezianos gostavam e gostam de frituras. E neste particular, esta sobremesa é muito saborosa.
Coloque numa terrina, 200g de farinha de trigo e misture com 2 colheres de sopa de coco ralado, 3 gemas, uma pitada de sal, 2 colheres de açucar de confeiteiro e 400g de leite de coco. Misture bem e deixe repousar. Descasque um abacaxi maduro, pique em pedaços e misture com a massa de coco.

Pegue uma grande caçarola, esquente azeite e coloque os pedaços de abacaxi até fritarem.

Passe-os numa mistura de açúcar com canela e sirva.

Mais uma “meraviglia” veneziana.

Eis a opinião dos gondoleiros:

Esta comida é uma janela pro mundo. (Edu)
Veneza is biggest . (Mingão)
Delícia constante. Formidável! (Deo)

“Uma cidade nascida do diálogo do homem com as águas da grande laguna que ocupa o norte do Adriático. Uma cidade que o homem compôs ligando com barcos e pontes um rosário de pequenas ilhas, e que a história e o meio ambiente envolveram, dando-lhe uma forma que deixa entrever as suas vertentes orientais”

É isso! Leia o livro e coma as páginas (literalmente).

Arriverderci.

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Há 7 comentários

  1. Como os olhos sao a janela da alma….minha alma se abriu para o mundo com este post. Veneza é uma beleza! Voces merecem visitá-la em grande estilo.

  2. Muito bancana seu post sobre Veneza!!! Realmente é uma cidade mistica sobre as àguas!!! Eu recomendo conhecer Veneza, é uma cidade com muitos encantos! Passar uma temporada aproveitando uma boa comida, passeios maravilhosos em ótima companhia é perfeito!!!!

  3. Edu, não sei se sou injusta com Veneza, mas sou mais Florença. É uma cidade diferente sim e caminhar sem rumo e sem pressa por suas pontes é muito gostoso, mas estaria naquela lista de cidades para as quais eu não voltaria. Mas concordo que ela faz parte do imaginário de todos nós.
    Para mim, o mais bonito de Veneza é o Palácio dos Doges e suas colunas tão trabalhadas. Colunas que me lembram um comentário de Niemeyer, em seu livro “As curvas do tempo”, que recuperei, para compartilhar aqui. Escreve Niemeyer: “Um dia, sentado diante do Palácio dos Doges, surpreso com sua admirável leveza, encontrei naquela magnífica obra de Calendário o exemplo do que a minha arquitetura defendia… Quando uma forma cria beleza, tem na beleza sua própria justificativa.”

  4. Sugestão: enquanto não vão à Veneza real, venham à Veneza brasileira!
    🙂
    Abs!

  5. Márcia, claro que nossas escolhas dependem de muitos fatores, e momentos diferentes levam a escolhas diferentes. Se hoje tivesse que escolher um destino, entre Veneza e Recife ficaria com Recife (que na verdade me lembra bem mais Amsterdam… rs)

  6. Edu,
    Se Thomas Mann sentasse à sua mesa, mudaria o final da história e, em lugar de “Morte em Veneza”, daria como título ao livro “Viva a vida em Veneza!”
    Abração,
    Dodô

  7. Sócio, e certamente iremos!!

    Pedro, boa comida, passeios maravilhosos, ótima companhia e Veneza! Uau!

    Drix, a questão não é injustiça. Eu não comparo cidades porque as considero como filhos (se bem que só temos uma! rsrs). Cada uma é única!
    E não vem me dizer que em Veneza tudo é redondinho!! 🙂

    Márcia, pode deixar que brevemente passaremos pro aí numa escala pra Noronha! 🙂

    Drix, nós ficaríamos com as duas! rs

    Grande Dodô, brevemente viveremos em Veneza.

    Abs molhados e canalizados pra todos

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