24/02/2012
Buenos Aires – Um jantar especial na La Vineria de Gualterio Bolivar
Fomos a La Vineria de Gualterio Bolivar. Lendo somente esta frase, dá a impressão de que fomos assistir a um show de tango, né?
Mas não foi nada disso o que aconteceu. Optamos por conhecer a comida do Alejandro Diglio, que tem como característica uma autodefinição de contemporânea e racional.
O que seria isso? Contemporânea por que ela é moderna e racional, por que tudo que está no prato tem uma função e deve, inclusive, ser comida da maneira que o atendente te explicou.
Aí vem a pergunta: é comida molecular?
Eu responderia que não exatamente, porque tem alguns toques deste estilo (próprios de quem trabalhou no ell Bulli), mas o que fica realmente é o sabor de todos os 15 pratos. 15 pratos?
O restaurante fica em San Telmo e tivemos que atravessar a cidade pra chegar lá (com um desfile referente a 24 de março incluso. Pra quem não sabe, este é o dia em que os argentinos fazem uma marcha em homenagem a todos os torturados pelo governo militar)
Chegamos e nos surpreendemos com a simplicidade de tudo.
O lugar é bastante acanhado, com uma cozinha a vista e um staff muito reduzido. Nos fez lembrar aqueles restaurantes pequenos de Paris (xiii, deixa os argentinos saberem disso! rs).
E tem mais, naquele momento éramos os únicos clientes (logo após, mais duas mesas seriam servidas).
O atendente nos explicou como tudo funciona. Só existe um menu degustação de 15 experimentos (eles chamam de rações) e você escolhe se quer um vinho pra noite toda ou toma várias taças que ele mesmo indica.
Ficamos com a segunda opção. Vamos lá:
1 – Espuma de parmesão com azeitonas pretas e pão de vinagrete – uma entradinha, na verdade um daqueles agrados (???) salgados e parecendo um grana padano líquido. Destaque pro pãozinho recheado com vinagrete que fez o meu sogro dizer: Caramba, não podia vir mais desta delícia?
2 – Foie com caramelo de groselhas. Uma foie macio, derrrrretendo (como um costelão!) com um caramelo delicado.
3 – Velouté de lagostine com caviar de lula. Uma delícia, com o sabor acentuado dos lagostines (quase camarões) e o caviar, um daqueles do Claude, pintados com tinta de lula. O vinho branco Torrontés Urano acompanhou os pratos acima.
4 – Salada com cama de terra de cacau, legumes, couve flor com vinagrete nitrogenada. Este é um daqueles em que o nitrogênio parece que faz somente paisagem, mas na verdade, ele congelou o vinagrete que mais parecia um sorbet. Surpreendente.
5 – Pão ovo trufa. Um queijo de cabra e um pão que envolve o ovo cozido em baixa temperatura; com redução de asa de frango. A gema do ovo escorre sobre o prato, resultando numa mistura harmoniosa com o caldo bem concentrado de asa.
6 – Lula com maionese de páprica. Um prato simples e muito diferente. Parecem croquetes, né? Mas não são!
7 – Lagostine com cinza de vegetais e caldo dos mesmo vegetais. Esta cinza é uma cinza mesmo, resultante da queima dos vegetais. Mais um prato com consistência e muita criatividade.
O vinho rosé Malbec Zorzal groselhal acompanhou os pratos acima.
8 – Abadejo com pó de lardo, tinta de lula. O pó de lardo, quase um bacon foi o destaque do prato, além da maciez e do frescor do peixe.
9 – Falsa trufa com alhos em várias cocções e caldo de frango. Este prato é tão bom e inusitado que fica difícil de explicar. Melhor é ir conhecer a La Vineria de Gualterio Bolivar! rs
10 – Velouté de puccero em volta de raviole de espinafre. Um prato normal. Até que enfim, mas não deixou de ser saboroso.
11 – Caldo de tutano, ervilhas com véu de cenoura com batata e cebolas. É tão bom que a Dé comeu o tutano!!
12 – Bife com aspargos, emulsão de batatas e fumaça de defumado. Neste momento, começaram os forfaits. A D Vera e a Dé desistiram. Eu e o Sr Antonio continuamos galhardamente e adoramos a carne ao ponto (e olha que pedimos um pouco acima), além do charme da fumaça.
13 – Granita de laranja, grapefruit, Campari e azeite de oliva. É praticamente um sorbet limpa-trilhos. E dá pra imaginar o quanto limpa o palato com este ingredientes. Como disse a Dé: ui!
14 – Espuma de yogurte com biscoito sem farinha de chocolate e sorvete de creme. Docinho e gostosinho.
15 – Reconstrução de alfajor. Biscoito Maisena. E um shot de coco com doce de leite. A esta altura, estávamos torcendo pra que este ótimo doce fosse realmente o último.
Acompanhamos todos os acima com um vinho excelente tinto Bonarda Las Perdices .
Louve-se o atendimento que o Juliano nos proporcionou.
Ele mostrou-se completo, já que além de nos informar sobre cada um dos componentes dos pratos, ainda foi um sommelier muito prendado.
Portanto, estando em BsAs, vá visitar a La Vineria de Gualterio Bolivar e você não se arrependerá.
Só não espere um show de tango, certo?
Hasta.
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Há 0 comentário
Ahhhh…eu adoro os posts em que os pais da Dé estão juntos com vocês!!
E nesse tem até fotoclose!!
Nós fomos a Vineria por indicação sua e adoramos Edu!
E quem disse que nao foi tango? Eu achei o post e o restaurante um verdadeiro festival de Rango, digo, Tango!!! Cheio de classe e nao desafinou.
Adriana, o Sr Antonio é bem fotogênico, né?
Lu, ainda bem que gostaram. O menu era o mesmo? Quem foi?
Sócio, pensando bem, em alguns momentos o jantar foi denso, dramático e sensual. Enfim, puro tango! 🙂
Abs Gardelianos pra todos
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