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dcpv – da cachaça pro vinho – piemonte – quarto giorno – o mundo é feito de piselli.

01/11/10

dcpv – Piemonte – Quarto Giorno – O mundo é feito de Piselli.

O dia prometia.
Apesar do dilúvio que caia no Piemonte.

E quer saber duma coisa? Aprendemos a curtir tudo e gostamos de ver as coisas sobre um outro prisma.

Tomamos uma bela “colazzione” no próprio hotel e fomos passear de carro.

Meio que sem destino fomos pra Bra e pra Pollenzo.

Demos uma passada na Universidade do Slow Food onde vimos a beleza do lugar apesar de tudo estar fechado devido a um feriado italiano.
Ficamos só na vontade de conhecer as instalações e a lojinha.

Voltamos ao hotel pois tínhamos agendado um almoço no Ristorante Bovio em La Morra.

O lugar é lindo e apesar das nuvens, deu pra ter uma bela ideia da beleza do lugar e de como seria uma vista de tudo com o tempo bom.

Como a qualidade da comida não é afetada pelo clima, mais uma vez comemos bem e muito.

Iniciamos tudo com os famosos grissini (cotação Gault Milluz: §§§§§), …

flor de abobrinha recheada,

… e mais uma carne cruda (estou me transformando num especialista, pois não se esqueçam que tenho que comer a minha e a da Dé!).

Vinhos em profusão: branco, tintos (Barolo e Barbaresco) e grappa.

Os italianos são tão tradicionais que todas as bebidas são daquela mesma região. E invariavelmente, da “casa”. 🙂

Seguiram-se ravioli com pesto e trufas,…

creme de cogumelos e fondutta com trufas, …

…, linguini na manteiga com trufas, …

cabrito com legumes e sem trufas! Só pra dar uma variada! 🙂

Como sobremesa, um bolo de cioccolatto fondant ao zabaione que estava espetacular (cotação 100 no Michelonguercio) com o recheio derretendo como se fosse um vulcão.

Tudo absolutamente no mesmo tom e nos confirmando aquilo que esperávamos: a comida tradicional daqui pode, a primeira vista, parecer que se está sempre experimentando variações do mesmo tema.
Mas o que se percebe é que cada um tem o seu toque pessoal pra transformar qualquer coisa em inesquecível e irreproduzível.

Neste caso, fomos servidos pessoalmente pela filha do proprietario, o Sr Gian Bovio (que está um pouco adoentado e por isso não estava trabalhando). Foi a Alessandra mesmo que ralou as trufas brancas nos nossos pratos.
Eu tive a “manha” de contar quantas raladas que a dona deu nos nossos pratos: foram em média 50!! 50 raladas de trufas brancas em cada prato.
Dá pra imaginar o valor dele em qualquer outro lugar do mundo? Aproveite e veja a cara dos aparlemados (eu e o Eymard):

Nós todos (Eymard, Lourdes, Dé, eu e o Juscelino) cansamos de olhar um pro outro e soltarmos um voluntário “hummmmm”.

Aproveitamos a proximidade e fomos conhecer o centro de Barolo.
Pra quem não sabe, Barolo é também uma bela cidadezinha.

Sim, uma cidade (além de ser o vinho dos reis ou o rei dos vinhos) e é claro que o Museu que existe por lá só poderia ser sobre … vinhos.

Mais claro ainda que nós o visitaríamos, ainda mais sabendo que o arquiteto responsável pela cenografia é o mesmo do Museu Nacional do Cinema em Turim.

Toda o ciclo de criação do vinho foi nos mostrado didaticamente e acompanhado de história.

Duma maneira pueril e singela, você vai se envolvendo com algumas instalações interativas e de repente, você está sentado numa sala de cinema assistindo a trechos da Festa de Babette, Sideways, Um Bom Ano e até do Jovem Frankenstein.

Tudo bem que da metade pro final o formato fica um pouco repetitivo (a Mônica e o Duto acharam o museu bem chatinho. 🙂 ), mas mesmo assim é um programa imperdível pra quem está por aqui.

Continuava chovendo, mas demos uma voltinha pela cidade e fizemos algumas compras. “Just singing in the rain”.

Além do que são kms e mais kms de videiras com as folhas apresentando as mais diferentes cores.

E atravessamos cidadezinhas com as mesmas características: produtoras de vinhos, pequenas e extremamente charmosas.

Voltamos pro hotel, nos arrumamos e tínhamos um programaço marcado. Adivinhem o que era?

Um jantar (a Dé e a Lourdes já estavam quase batendo pino! rs) e dos bons.
Fomos ao La luna nel pozzo, um restaurante bonitinho bem no centro da belíssima Neive.
Desculpem os superlativos, mas eles são absolutamente obrigatórios por aqui.

Continuava chovendo pesado e com guarda-chuvas, chegamos ao local. É um estabelecimento muito acolhedor.
Incrível como esta é uma característica dos lugares que fomos até agora, pois todos são não muito grandes e tem uma personalidade dada pelo seu proprietário.

Que invariavelmente estão trabalhando. Foi o caso do Dr Cesare (um ex-médico), que nos atendeu do princípio ao fim do excelente jantar.
Começamos a maratona com uma galantine de queijo com um creminho estupendo (Lourdes e Eymard, vocês lembram?),…

… uma carne cruda com trufas (acho que nos transformaremos em vampiros tartufados. rs), …

… um excelente Tono non Tono, na verdade uma apresentação fantástica prum coelho e prum maialino cozidos e frios,…

… um gnocchi com trufas negras (só pra dar uma variada na cor do tubérculo! rs) e …

… umas costeletas de cordeiros cozidos à precisão pra nós todos …

… exceto a Dé, que se descolou de todo mundo e experimentou um bacalhau fresco com purê de batatas e ovas de salmão (se eu experimentei? É claro.)

Tudo perfeito (pra variar) além do acompanhamento de excelentes vinhos da região de Neive.
Inclusive, cada um deles era descrito pessoalmente pelo Dr Cesare que ao final, dava uma suspirada e dizia qual a região em que ele era feito: Ne-i-ve! Assim mesmo, com todos os espaços e a exclamação.

Ao término deste verdadeira epopeia estávamos satisfeitos e conversando tanto e tão animadamente que o Dr Cesare veio sentar à nossa  mesa e nos oferecer uma grappa pessoal, com a grife do próprio restaurante.

Falamos até de política italiana e de repente, ele nos disse da saudade que sente da Bahia. Ele esteve pelo Brasil e adorou tudo o que viu por aqui. Principalmente, açaí.

O papo foi, como diria o Juscelino, maravilhoso e só nos restou voltar pro hotel e pensarmos todos juntos: o mundo é do tamanho de uma ervilha. E se juntar mais que uma resulta em piselli!

Arriverderci, pois amanhã é dia de gênios.
É dia de Coppo de Gaja (entenda como quiser).

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Há 16 comentários

  1. Há tempos eu ando de olho numa viagem como a de vcs, “à caça das trufas de Piemonte”. Então cada dia eu venho morrer um tiquinho de invejinha aqui :mrgreen: , devorando esses posts tão… suculentos! Que maravilha!

  2. Edu/Dé: como evitar os superlativos???!!! Nao tem como! Acabamos de ler/ver juntos (Lourdes e eu) e de, de novo, dar muitas risadas e comentar cada palavra, cada detalhe. Lourdes disse: da “galantine” de queijo??? Nao lembrava…mas agora, com a foto, lembro ate do gosto e do hummmm que fizemos.
    Mas nao esquecemos de NE-I-VE!!!
    Impossivel transmitir o perfume do restaurante Bovio. O salao rescendia trufas. Era bonito, solene (sem ser excessivo), sereno e cheiroso. O serviço era simpatico e “delicado”(by Lourdes).
    No La Luna, o lugar tem a alma do Dr. Cesare. Figuraça!
    Adorei o Michelonguercio (para as sobremesas)-rs: a do Bovio entrou para o top. Nenhum outro cioccolatto se equiparou.
    E o museu? Realmente é irregular (especialmente para quem tinha vindo do museu do cinema de Turin, muito bem montado). A nossa foto no espelho ficou otima!
    Um dia melhor que o outro!
    Edu, olha os dados estatisticos de NEIVE:

    Superficie: 21 km²
    Abitanti: 3.147 (al 31-05-2007 fonte Istat)
    Densità popolazione:150 ab./km²

    Mas, Neive, é uma “grande cidade” perto de Barolo:

    Popolazione Residente
    743 (M 350, F 393)
    Densità per Kmq: 132,9
    Superficie: 5,59 Kmq

  3. Oi Edu!
    É impossível não se deliciar com sua escrita e esta maravilhosa viagem. O comentário de Eymard dá o toque de como foi a viagem e essa amizade que nasceu no CP, uma cumplicidade derivada da admiração pelas boas coisas da vida!

  4. Amigos
    Mas que loucura!
    Eu aqui sentada olhando essas maravilhas todas e só babando…
    Também adorei a chuva! Sei lá, mas para mim Europa com sol a pino e calor não está com nada.
    Edu, eu também adoro uma “carne cruda”, minha 1a. experiência foi justo no norte da Itália (lá pela minha adolescência) e sou fã até hoje. Na época, me valeu o apelido de “carnívora”, brincadeirinha familiar. E o que foram aquelas 30 “raladas” de trufas? Dio mio, uma boa lasca para mim já é o Céu!
    É isso aí, meus amigos. Vá comer bem assim no Inferno, digo, Piemonte!
    Bjs para todos
    Beth

  5. Beth

    50! Foram, em média, 50 raladas! Imagine!
    Nossos amigos agora têm tanto prestígio que acabam sendo regiamente tratados onde vão.
    Merecem , bem merecem !
    Deliciosos todos os pratos mas admiro o vigor com o qual vocês os enfrentaram, quer no almoço, quer no jantar!
    Parabéns!

  6. Queridos,
    Mais um dia fantástico e cheio de cores, aromas e sabores.
    Tudo de dar água na boca e pra sonhar.
    Eu imagino a generosidade com as trufas! Também nós ficamos espantados, em Paris, com a profusão de trufa em cada prato.
    Tudo divino, tudo inesquecível e tudo devidamente anotado para uma breve visita.
    Beijos em todos.

  7. EDU,
    Esqueci de perguntar: Essa flor de abobrinha estava com o pistilo dissolvendo por dentro? Meu Deus, só de imaginar já estou babando! Adoro flor de abobrinha! E como é difícil encontrá-las por aqui!

  8. Sueli, nao sei o tal do “pistilo” (rs) Mas posso te garantir que aos sabados, no La Palma, chega sempre flor de abobrinha. Esta, que comemos, era recheada com carne e estava mesmo de babar….

  9. Acho que as cores do Outono deixam tudo muito bonito, apesar da chuva 😉 Não sei como conseguem comer carne crua, estão uns verdadeiros carnívoros! As trufas devem dar um toque sensacional aos pratos!

  10. Ameixinha, aqui em casa eu e Lourdes estavamos sentindo falta do seu comentario! Falamos um para o outro: e a ameixinha nao vai aparecer? Ufa, ainda bem que voce veio. Olha, carne cruda bem feita é gostosa! Por incrivel que pareça. E ha uma rivalidade entre a carne cruda do Piemonte e o Tartare frances. Este ultimo é mais temperado. Especialmente com um tipo especial de mostarda. A carne cruda do Piemonte é mais leve.

  11. Ne-i-ve!Posso até imaginar o Dr. Cesare repetindo isso,rs. Nada mais italiano.
    Estou adorando essa epopéia gastronômica.

  12. Comentário panorâmico…
    Carne crua? Estou com Ameixinha: nem pensar. Aliás, carne para mim tem que ser mesmo “comme Joana D’Arc”. Concordo com ela também com relação às cores do outono: adoro!
    Edu, esse decanter não é igual ao que deram para Eymard e Lourdes? Hum… Quando vi Lourdes abrindo a caixa pensei: daria um belo vaso… rs
    Eymard, você também foi bem generoso nas trufas…
    Sim, Eymard, a foto o espelho ficou ótima!
    Essa sobremesa…. Só não ganha da nossa no jantar em Brasília. E não me refiro a do jantar no restaurante…. :- )
    Beijos!

  13. Mari, imagine então estar por lá? Aí a suculência aumenta.
    Agora, eu fico pensando você fazendo uma viagem pro Piemonte como aquela tua pra Toscana. Uau, que matéria!

    Sócio, DCPV também é cultura. Quer dizer que somando a população de Ne-i-ve! e Barolo não dá 400 hab? E eles com tanto vinho bom?
    Gostei dos complementos geográficos.

    Valeria V, somos cúmplices e sócios desde criancinhas. Todos os quatro.

    Beth, também gosto. Mas acho que comi umas 20 carnes crudas nesta viagem. rs
    A Kika já retificou, mas foram 50. E realmente comemos muito bem no inferno, ops, Piemonte.

    Kika, quando nós falamos que éramos sócios e representantes de vários guias (Micheluz, Michelonguercio, Gault Milluz, 4 Lâmpadas), as raladas aumentaram consideravelmente.
    Vigor foi uma palavra bem empregada.

    Sueli, cores. É isto mesmo.
    Incríveis as cores do Piemonte no outono.
    O pistilo fica dentro da abobrinha. Na verdade, só se faz um talo na lateral da flor, se recheia com alguma coisa de preferência (carne, ricota, etc), passa-se em ovo e farinha de rosca e frita-se.
    Eu, por exemplo, estou colhendo as minhas flores agora e no meu quintal (estas sementes nós trouxemos da Provence).

    Sócio, adivinha se tem no sex shop?

    Ameixa, também achamos. E desta vez, confirmamos.
    Estas carnes crudas (palavra de especialista) são extremamente suaves. Já com as trufas, é covardia!.

    Sócio, a Ameixa tarda, mas não falha (quando tarda! rs). Ela é a comentarista número 1 do DCPV.
    Quanto a diferença, na minha opinião de especialista, o tartare é muito diferente da carne cruda devido ao montão de coisas que se juntam a carne e que acabam mascarando o sabor do ingrediente principal.

    Claudia, este é o ponto. O Dr Cesare (com aquela cara de mafioso simpático) dizendo, na verdade quase suspirando Ne-i-ve! é de tirar qualquer um do sério! 🙂

    Drix, a observadora. É quase igual, mas valeu a intenção.
    Quanto a generosidade do sócio, ele ralou 50 vezes? rs
    Bom o teaser sobre o 2º ISB. Amanhã teremos a visão do Eymard por aqui. Aguardem.

    Aba trufados pra tddos e pra Ne-i-ve!

  14. Eymard, estive doente esta semana mas gostei de saber que já sentem a falta dos meus comentários, embora não acrescentem nada de novo he he
    Carne crua não é para mim, nem tão pouco sou fã de carne de vaca cozida… imaginem se eu iria comer crua? 😉

  15. Eymard, o salão aromatizado de trufas brancas foi a primeira imagem sensorial que me veio. Faço hummm daqui também.
    Beth, eu também quero ir para esse inferno…
    Edu, a nomenclatura dos guias está imapagável, fiquei rindo aqui com o Gault Milluz e o Michelonguercio… Logo vi que eles abriram portas.

  16. Ameixa, não só sentimos falta como gostaríamos que você cumprisse o que está no contrato: ser sempre um dos 3 primeiros comentários de cada post! rs
    E esperamos que você esteja melhor e não apresente nenhum atestado! rs

    Madá, imagine quando usarmos todos os crachás ao mesmo tempo? rs

    Abs trufados pra todas.

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