número 177
23/04/08
dcpv – Decápodes
Já faz um tempão que eu estava a fim de fazer um menu só com decápodes. Afinal de contas, somos adoradores de frutos do mar e os decápodes se encontram entre as melhores opções da categoria.
Fazendo uma análise morfológica (não se esqueça, dcpv também é cultura!) chegamos a seguinte conclusão: deca = 10 ; podes=pés; decápodes = 10 pés = crustáceo = caranguejo = siri. Portanto, vamos a noite dos crustáceos onde comeremos as galinhas do mangue, os uçais, os aratus, os guaiamuns, as sapateiras, os siris. Acompanhe!
Atlântico – Entradas
Patinhas de caranguejo à milanesa com molhos golf, aioli e vinagrete de salmão.
Patas de caranguejo ao natural (cozidas em água e sal)
Salada Waldorf com siri
Boas novas! O Mingão fez um exame no vestiário e foi liberado pelos médicos pra beber um pouquinho de vinho!
Pra comemorar, o Déo fez uma caipiroska de amoras com Absolut 100 que ficou um primor. (É claro que o Mingão não pode beber. Ele estava se guardando pros vinhos)
As entradas estavam simples e gostosas. Patinhas de caranguejo empanadas em farinhas de trigo e de rosca com o belo acompanhamento de 3 molhos: golf ( ketchup, creme de leite, conhaque, tabasco, molho ingles e sal), aioli (manjadaça maionese de alho) e um vinagrete de salsão (um talo do mesmo em cubinhos e temperado com azeite, limão, sal e pimenta do reino). Decapodiano!
E uma saladinha Waldorf (maçã verde, salsão, nozes, siri) com um molho de limão, mostarda e creme de leite. Muito bom e crocante!
Ah! Esqueci de citar a “pataça” de caranguejo (o decápode) que foi cozinhada com água e sal no melhor estilo caiçara!
E com o êxtase do Mingão, tomamos um vinho Branco Chardonnay Yering Station 2004 Austrália que segundo os siris-patolas, nós mesmos, foi “vegetal, herbáceo, come back, competente“.
Pacífico – Principal
Moqueca de Siri e Arroz Basmati com Ervas.
Moqueca básica (foi tudo básico hoje!). Siri, azeite, cebola, alho picado, tomate sem pele e sementes, leite de coco, azeite de dendê e coentro( do Pará. A muda que a Neide (Come-se) me mandou já está produzindo!). E juntei um Basmati basiquinho com ervas gastronômicas (quase todas).
Um espetáculo!
Que foi coadjuvado por um vinho tinto Cabernet Sauvignon Aresti 2006 Chile que disse, em linguagem decapodial, que era “amora+thinner, patchouli, domingos travolta, arnoldiano“.
E viva o mangue!
Índico – Sobremesa
Taça de Peras com Farofa Crocante
Autoria de nossa “velha” conhecida, a Carole Cremam e uma delícia pois são peras cortadas em cubos grandes e colocadas numa frigideira com manteiga até começarem a dourar e aí, adicionamos o açúcar.
E tem a farofa . Sabe aquela farofinha do América? Pois bem, esta é mais gostosa e é por isso que eu vou dar a receita completa:
Leve 1 xícara de chá de açúcar ao fogo numa panelinha e cozinhe-o até que vire um caramelo escuro. Adicione 1/2 colher de café de bicarbonato de sódio e 1/2 xícara de castanhas-do-Pará picadas. Mexa um pouco, desligue o fogo e derrame este caramelo numa superfície fria untada com um pouco de manteiga, espalhando com cuidado. Espere esfriar.
Remova a placa açucarada, quebrando-a em pedaços. Coloque no processador e bata até virar esta maravilha de farofa. Transfira pra um recipiente e coloque 1/2 colher de sopa de sal. Sim , senhores! Sal pois a ideia é deixar a farofa com um sabor salgado/doce. Dá vontade de ser um decápode só pra chegar mais rápido à farofa e degustá-la!
Pra montar, coloque a pera no fundo de uma taça, bolas de sorvete de creme sobre ela e no top (que é o lugar que ela merece estar!) a farofa.
Não é um decápode mas pode considerá-la o caranguejo das sobremesas.
Devido ao gradual retorno alcoólico do Mingão, continuamos tomando o que sobrou do vinho tinto.
E vejam o que sobrou das nossas queridas galinhas do mangue :
Bom, é isso aí! Até a próxima!
.
Há 13 comentários
Maravilhosa essa navegação pelos oceanos gastronómicos.
Eu gosto muito de frutos do mar, mas olha que o preço aqui está cada vez mais “puxado” nem parecemos um país com uma costa imensa.
Adorei os pratos de barro.
Bj
Eu hoje acordei devagar e meu baianês empacou na “manjadaça”!!!!????? (risos). Só depois de ver a foto seguinte, com as patinhas (ou pataças), é que meu cérebro se animou e começou a funcionar direito imediatamente. Finalmente, entendi que não era um tipo maionese por mim desconhecido.
Bem agora, vou ter que correr no mercado oriental para encomendar os “decápodes” e saciar a vontade que seu post despertou.
Legal a foto do “decápode espacial”. Êita moço viajado….sô.
Oi, Eduardo. Já tá de volta de NY? Como é que foi lá?
Edu,
recebi as fotos, e ficaram óóótimas!!! Vi a minha redação em cima da mesa- vcs devem ter rido horrores, ham?
🙂
Olha, esse encontro de decápodes aí foi a minha cara – adooouro!!! Tenho um pouco de preguiça de descascar, é verdade, mas não há coisa melhor q um carangueijinho, né? E essas patolas empanadas, então? Tõ precisando comer urgente, pois vcs me deixaram salivando, e desejo de grávida é triste!!!
Abs e bom retorno pra vcs!
Isso me lembra um festival de StoneCrabs que comi (muito por sinal) no classicão Dinho’s Place na Alameda Santos. Maravilha!
Marizé, na verdade estes pratos não são de barro. São de cerâmica mesmo e pintados a mão. A Dé tem o maior xodó por eles ! E quanto aos preços dos frutos do mar, concordo com você !
Agdá, é claro que a manjadaça aioli é a maionese de alho ! E decápode é muito bom mesmo ! Quanto a foto, é dum Museu em Vancouver, no Canadá ( e como é bom viajar, né ?)
Constance, já voltei, sim e estou preparando dois posts extras : um sobre a gastronomia que nós (eu, a Dé e a Re) praticamos por lá e um especialmente feito pro L’Atelier
do Robouchon que é do mesmo lugar que o decápode lá de cima : do outro planeta !!!
Márcia, não só lemos o teu tratado como utilizamos o dicionário pra darmos vários kkkkkks durante a noite. Foi tudo muito bom e muito engraçado. Na verdade, parecia que vocês todos ( inclusive o Marco e Mainha) estavam por aqui. Quem sabe, a próxima não seja ao vivo ? E com decápodes !
Michel, deixei uma proposta pra você ! Não vai responder, professor ?
E por falar em Stones Crabs, já comi vários caranguejos por aí e os nossos ( do Brasil) são muito mais saborosos !
Abs a todos !
Estou com a Agda, Eduardo…bacaníssima essa primeira foto 🙂
Bacanas sempre também são os decápodes, adoro…tinha uma época em que eu comi algumas vezes num restaurante da Vila Madalena, chamado Crabs (claro). Era despretensioso e servia umas belas patinhas. Nem sei que fim levou.
Boa tarde
Conhece a Salicórnia da Salina Eiras Largas da Figueira da Foz, em Portugal?
Uma planta halófita que dá para substituir o sal nalguns pratos, como por exemplo nas Saladas.
À venda na loja do AgriCabaz em Coimbra. Envio pelo correio.
http://agricabaz.blogspot.com/
agricabaz@gmail.com
Obrigada
Edu, gostei demais dessa Moqueca de Siri, que vou imitar! 🙂
abcs,
Emília, eu também era fã do Crabs. Vou confirmar mas acho que ele existe ainda ! E esta galinha do mangue de aço é muito bonita mesmo !
Agricabaz, não conheço a Salicórnia e acho que não vou conhecer tão cedo ( ainda mais em Coimbra !). De qualquer maneira, obrigado pela informação.
Abs a todas ( a Salicórnia deve ser feminina, né !)
Fer, você está parecendo água. Só vive no poço !
Mas faça esta moqueca pois é muito boa e o Basmatinho acompanhando ajuda bastante !
Abs
Edu,
Primeira visita ao seu cantinho e estou encantada. Teu jeito todo particular de escrever e nos contar os “causos” é muito bacana. Parabéns. Lembra um pouco o meu irmão (Geografias Suburbanas). Como tudo que é bom a gente repete, o DCPV já está na minha lista de blogs amigos. Um abraço!
Larissa, legal que você gostou do DCPV e assim como estamos por lá, também colocarei o Trivial por aqui. Seja bem vinda !
Abs.