numero 195
5/10/08
dcpv – dcpv x Chef – Mocotó, a escolha do Rodrigo Oliveira
Imagine uma cidade na Itália. Na Toscana. Uma cidadezinha pequena (uns 2000 habitantes). Adicione parreiras e vinícolas onde vinhos de primeiríssima qualidade são criados pra serem bebidos como acompanhamento de refeições tradicionais e especiais. Pra deixar tudo mais bonito, imagine estar na primavera com flores em todos os lugares.
Imagine os nonos e as nonas conversando em suas casas, passeando pelas piazzas e comprando produtos de procedência nos mercattos. Agora, imagine os nonos fazendo as compras e levando:
queijo de coalho no lugar de parmeggiano reggiano
cachaça no lugar de vino bianco
melaço de cana na lugar de mel
limão cravo no lugar do siciliano
sorvete de rapadura no lugar do cantucci
manteiga de garrafa no lugar do burro
carne seca no lugar de carne de caça
abóbora no lugar de aspargos
e ….. arroz arbóreo no lugar de arroz arbóreo.
Pronto, com estas trocas está formada a essência do menu que o Rodrigo Oliveira do restaurante Mocotó propôs pra nós no 4° dcpv x Chef (já fizemos o da Carla, da Bel e da Ana).
Este menu chama-se “Picando a Mula“, uma mistura da melhor/tradicional culinária italiana com a utilização de ingredientes sertanejos.
Vamos então ao Picando a Mula, um menu Italianejo (ou seria Sertaliano)?
Gorózinho/Licor
Já que a onda é misturar o agreste com o campestre, o Nordeste com o Mediterrâneo, vamos fazer uma batida de limoncello. Um mix de limoncello, melaço de cana e gelo. Bata na coqueteleira! Bravíssima!
E uma caipiroska de limão cravo, absolut Vanilia e manjericão roxo. Aperreada!
Pra “cumeçá’ / primo piatto
Salada de Queijo de Coalho com Cebola Roxa Caramelada ao Vinagre Balsâmico
Passos:
Uno – Caramelize a cebola cortada em cruz numa chapa e flambe com cachaça; junte vinagre balsâmico, melado de cana e tempere com sal e pimenta.
Dois – Doure o queijo de coalho e reserve aquecido.
Tre – Faça uma emulsão com azeite e suco de limão cravo.
Quattro – Para a montagem , coloque por baixo o agrião e o tomatinho cereja temperado com a emulsão e disponha o queijo com a cebola caramelada por cima.
Cinque – Finalize com flor de sal e cebolinha francesa.
A doçura da cebola caramelada casou muito bem com o salgadinho do queijo de coalho.Excelente.
Queijo de cabra da peste!
Pra acompanhar um espumante brasileiro, o Do Lugar que nos disse, Io sono “delicado, formoso ragazzo, da hora, alegre”.
Janta/Secondo
Risoto de Carne Seca com Abóbora
Aí não tem jeito! Tem que usar o arroz arbóreo. Mas dá pra refogar a cebola e o alho com manteiga de garrafa. Junte o arroz, adicione cachaça e vá colocando o caldo de galinha quente aos poucos.
Quando o arroz estiver al dente, retire a panela do fogo, adicione pimenta, queijo de coalho, manteiga de garrafa e tomate cereja.
Pra finalizar, coloque cheiro verde e mangia, mangia que te faz muito bem, bixim!
Um dos risotos (ou um baião de dois moderníssimo) mais gostosos dos últimos tempos!
Continuando a saga brasileira, tomamos um Cave Antiga Reserva Marselan 2006 que parecia uma mistura de um dos ‘cabas’ do Lampião com um capo da Máfia, ou seja, era bem ruinzinho. “Bruto, buraco mal feito, reserva pro dono, capanga” foi o mínimo que dissemos dele!
Docin/Sobremesa
Afogado de rapadura
Aproveitei o meu sifão e fiz um chantilly com creme de leite, cachaça e açúcar.
Já tinha preparado o sorvete de rapadura. Restou montar uma bola de sorvete num copo, café quente e o creme batido. Se quiser, ainda decore com melaço de cana. Uno espetaccolo e “ispetaculá” !
Leiam o que os Severinos e Giuseppes disseram:
O sertão vai virar azeite! O vinho vai virar rapadura! (Edu)
Da Bahia pra Toscana. Viagem de sabores e perfumes. (Mingão)
Início light! Final cachacento! Gostei! (Déo)
Que ideia ! Misturar a tradição italiana (quer coisa mais italiana do que balsâmico, risoto e afogado?) com ingredientes brasileiros foi como viajar pra Toscana tendo as praias do Nordeste bem na sua frente!
Grato Rodrigo e não é surpresa nenhuma que o Mocotó esteja ‘bombando” É mais do que merecido.
Arrivederci! Inté!
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Há 15 comentários
E apôis! Foi bom demais esse cardápio, visse?
oxe que se eu tava aí, comia era bem…
🙂
Gostei da idéia do afogado… deve ter ficado diferentaço!
abs!
Oh xente!!! Era stupendo!!!
Estou encantada com esse banquete. Fiquei de olho nesse queijo de coalho, umhum…
Well done as usual.
Abracos Edu
Como sempre eu saio daqui com um grande sorriso no rosto 🙂 Estes textos são fabulásticos!!! Eu adorei a salada com aquele queijinho semi-derretido… uau!
Abraços!
Sou suspeito pra dizer qualquer coisa, mesmo assim, parabéns! Belíssimo texto, belas fotos e execução impecável!
Mais uma vez obrigado pelo convite.
Grande abraço,
Rodrigo Oliveira
Me deu uma vontade louca de sair do escritório e correr pro Santa Luzia para comprar todos os ingredientes. To adiando uma ida ao Mocotó há tempos por falta absoluta de quórum. Acredita?
Abs,
Edu, mais um post incrível!
Parabéns pela execução, fiquei com água na boca com o risoto e a sobremesa.
Depois da foto do queijo coalho derretendo, e me deixando louca de saudades, eu tenho que sair para dar uma caminhada e espairecer…
Edu, muito bem sacado esse post, bem legal. Como eu descubro o permalink pra linkar la no post sobre o Rodrigo no Boa Vida, please
bj, Alexandra
Hun…. quantas delicias….
Abraços…
Gi, Roma!
Márcia, este menu dá pra você fazer como comemoração de um ano do Guigão. Ou seja, ainda vai demorar um pouquinho !!!
Odete, não tem nenhum queijo parecido com o de coalho por aí, né ? Você acredita que só agora estamos aprendendo a gostar do bixim ??
Ameixa, a pergunta cima serve pra você também ! Se bem que você tem o agravante de não conhecer o tal queijo de coalho !!
Rodrigo Oliveira, o mago das panelas. Eu sou mais suspeito ainda pra falar deste teu menu que foi simplesmente meravilhoso !! Grato pela colaboração e vou fazer um apelo : quem estiver por São Paulo, vá ao Mocotó. Vocês não irão se arrepender !!
Daniela, vá ao Mocotó e ao sex shop!
Debora, o risoto é muito bom mesmo e o contraste do frio do sorvete com o quentinho do café são “va benne ” !!
Agda, o negócio é andar bastante e comer mais um… queijinho de coalho!! Continua a pergunta : não tem nenhum queijo parecido por aí ?
Alexandra, do Boa Vida e da LBV, grato pela passagenm e já te mandei o link .
Gi, tudo muito bom graças a criatividade do Rodrigo.
Abs a todos !!
Eduardo e Débora ,adorei conhecer pessoalmente vocês e fiquei impressionado ,são magrinhos.O cardápio ítalo-nordestino está perfeito.Eu só faria uma experiência, trocaria o arroz italiano pelo arroz vermelho do nordeste ,é lógico que ele não tem a profusão de amido do arbóreo,mas se refogares bem ,creio que terás um bom resultado.Eu ainda estou em S.Paulo zanzando por aí ,amanhã vou pro Rio e depois volto para Teresina ,quero um dia ter o prazer de ter vcs. comigo lá .Um grande abraço.
Edu, nao recebi teu email com o link! Quando lembrar, mande de novo, ta bom? Brigadinha, bjo.
Estou com desejos desse queijo coalho, que coisa estupenda!
Ainda tentei ontem ir ao Mocotó, mas o calor e um sobrinho um pouco dodói nos impediram. Agora fiquei com mais vontade ainda 😀
Joaquim, grande Joaquim, nós também adoramos te conhecer pessoalmente e o almoço LBV foi excelente. O Edgard é uma outra figuraça além de todos, sem exceção, serem realmente bastantes simpáticos. Quanto ao arroz vermelho vou ver se consigo achar por aqui pra fazer a experiência.
Em caso contrário, experimentamos quando formos a Teresina !!
Alexandra, já mandei e você já publicou !!
Emília, acabamos virando embaixadores do Mocotó ! Vá lá ! è muito bom !!
Abs a todos.
Edu, parabéns pela execução das receitas. só uma correçãozinha, sem grandes “dramas”, mas tão importante quanto conhecer a toscana, é conhecer nosso Nordeste. Perdão mingão, mas não tem nada ‘baiano’ nesse cardápio. Aliás, o mocotó nasceu de um senhor (pai do Rodrigo) vindo do agreste Pernambucano.