sp – jantar lights of progress, na casa audi, com menu dos chefs atala/paixão. expectativa? eu?

09/12/2021 (isto mesmo. Saímos mais uma vez em tempos pandêmicos).

SP – Jantar Light of Progress, na Casa Audi, com menu dos chefs Atala e Paixão. Expectativa? Eu?

“Vivencie uma experiência gastronômica e digital com um menu exclusivo, preparado pelos chefs Alex Atala, chef brasileiro mais premiado do mundo e Leo Paixão, referência na culinária mineira e afetiva“.

Estava eu passeando pela Net quando surgiu o texto acima.

Achei o máximo e melhor, aconteceria num local chamado Audi House of Progress …

… praticamente um showroom tecnológico (segundo eles) da marca, montado na Casa Fares, que fica na Av Europa.

Aproveitamos que a Lourdes e o Eymard estariam na praia e …

… lá fomos nós, belos e lampeiros curtir a tal da “experiência”.

E aí entra a expectativa que segundo o iluminado aqui, quanto mais alta, maior a chance de “dar ruim”. 🙂

Chegamos no horário estipulado (às 19:00hs), pois os organizadores informavam que …

… haveria um tour exclusivo pela casa só pros adquirentes de convites e com a possibilidade de curtir toda a tecnologia embarcada na tal exposição.

A expectativa começou a diminuir, pois a instalação continha uns carrinhos bem mais ou menos, inclusive uma ximbica audística e histórica do Senna com informações desencontradas: sinceramente, a coisa toda deixou a desejar.

Mas calma, o jantar interativo, o immersive dinner, o tal Lights of Progress (sem corporativismo) com menu dos renomados chefs Alex Atala e Leo Paixão teria mesmo que ser o ponto alto da noite.

Fomos alojados num porão escuro, onde parecia que tanto o visual (segundo um dispensável discurso inicial da diretora da Audi do Brasil, contendo inacreditáveis 54.000.000 de pixels!), quanto à sonoridade (também segundo a mesma, um espetacular surround 5D) complementariam o que deveria ser um evento inesquecível.

Existia até uma hostess, uma apresentadora das comidas, das atrações da noite (cada prato se referia a uma determinada região brasileira) e iniciou-se a experiência propriamente dita.

O lugar é visualmente muito bonito e o Mar foi representado …

… representado por “pele de peixe, ouriço, caviar“, “algas em gel, nori e vieira” e …

… “aspargos do mar, gaspacho amarelo e melões” (atenção – as fotos estão sem filtro. Tudo era muito colorido mesmo).

Serviram somente vinhos brasileiros em toda a refeição (não sei se isto seria um atrativo!) e um prestigiado espumante Cave Geisse harmonizaria com todas estas entradas.

Harmonizaria, porque ela foi servida em temperatura ambiente, ou seja, bem morninha!

Quanto à expectativa, os tais “bilhões” de pixels se transformaram em imagens estáticas com um pequeno movimento de alguns objetos que mais pareciam aqueles bichinhos que existiam nos brinquedos do finado PlayCenter. Lembram? 🙂

Bom, calma aí que a coisa toda ainda vai melhorar muito, foi o que pensamos.

E lá veio o Pantanal apresentado em forma de …

… “ovos de passarinho em seu ninho, consomê de peixe“.

Confesso que achei o prato físico, a cerâmica, bem kitsch e pior, com uma dificuldade pra se alcançar a comida.

Mas ela estava gostosa, se bem que o vinho rosé Juan Carrau de 2009 (???) era o que podemos chamar de muito ruinzinho. Hahaha

Ah, o filminho fake de “zilhões” de pixels continuava a nos decepcionar, desta vez com uma canoinha balançando.

Mais uma rodada; agora a nossa anfitriã nos apresentou a Amazônia e …

… que na projeção apareciam algumas daquelas cabanas canadenses e araucárias. Canadá e araucárias? 😉

O prato foi “pirarucu, tapioca e tucupi“, um peixe muito bem feito com uma crosta perfeita, mas num prato também esquisito que mais parecia uma molheira!
Continuamos com as boas risadas.

O vinho Sauvignon Blanc que harmonizou foi totalmente insípido, inodoro e incolor (isso lembra alguma coisa que você toma todo dia?).

Mais um prato e já estávamos naquela de “o que vier é lucro” (se é que isso poderia acontecer numa experiência de quase U$100 per capita).

Chegaram os Pampas e desta vez no formato “costela (costelão derrrrretendo) de boi, purê de alho e farofa de carvão”.

Mais uma comida correta, prum vinho, outro Juan Carrau tão sem graça que até a turma da diretoria da Audi, …

… (sim, ainda tinha uma mesa de figurões que era sempre servida antes de todos e que provavelmente não pagaram), deixou as taças intactas, assim como as nossas.

Mas as sobremesas viriam pra adoçar a nossa vida e pensamos, fechar tudo com chave de ouro.

O Cerrado (que soubemos ser o mineiro) se apresentou com “cagaita (ops), umbu, cajá, buriti e licuri“, frutas típicas servidas em formatos variados e que, …

… caí na besteira de perguntar pro pretenso maitre quais formas representavam cada uma?

Foi mais uma piada porque o cara foi pra cozinha, se enrolou todo e finalmente, quando voltou, se limitou a falar que uma das frutas era do tipo “tuille”! 🙂

Pra coisa ficar ainda mais hilária, serviram junto um tipo de cachaça com banana e outras coisas, que além de ser cor de rosa, tinha um gosto de xarope pra tosse. 🙂

Estávamos próximos do final e a “Fazenda de Café” chegou.

“Mousse de limão cravo, goiabada com queijo e pé de moleque” formavam o trio de docinhos bonitos com quase o mesmo gosto …

… servidos com um Café 3 Corações de coador e tivemos a absoluta certeza de que alta expectativa pode ser muito decepcionante!

E porque?

Por que a comida até que foi boa, mas como fazia parte do pacote e como imaginávamos que o Alex Atala não colocaria o nome dele numa roubada, pensamos que o investimento nos traria muita satisfação e porque não dizer, um bom incremento na nossa cultura brazuca.

Foi verdadeiramente uma junção de erros e a sorte nossa é que mesmo assim, nos divertimos muito.

O que sobrou é que estas grandes empresas tais como a Audi, acreditam que fazer este tipo de evento vendendo uma “experiência” marcante dará brilho à sua marca.

Eles até estão certos, mas deveriam cuidar melhor da execução das tais ideias  e principalmente, verificar se o que foi prometido, foi entregue.

PS – Sabe o que é pior?

É que vendo as fotos em casa, deu a sensação de que o evento foi essencialmente Instagramável, …

… feito especialmente para mídias sociais e influencers da vida.

Elas ficaram lindas e a sensação é que tudo não passou de um grande cenário, assim como o amanhecer do day after praiano!

“Vamos em frente que cavalo não desce escada”.

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