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paladar do brasil – a galinha crua e orgânica

có-có-có-có
31/07 e 01/08

dcpv – Paladar do Brasil – A galinha crua e orgânica.

Fomos ao Paladar do Brasil.
Quem nos acompanha, sabe que somos viciados no suplemento Paladar do Estadão, publicado todas as quintas-feiras.

Ele é certamente a melhor informação gastronômica do Brasil, especialmente comparado com um montão de pretensas revistas especializadas brazucas. E o Paladar promoveu mais uma vez o evento Paladar- Cozinha do Brasil onde chefs e pessoas ligadas à gastronomia realizam worshops, palestras e jantares versando sobre ingredientes brasileiríssimos.

Gente do calibre de Ana Soares, Mara Salles, Neide Rigo, Edinho Engel, Roberta Sudbrack, Carla Pernambuco, Alex Atala, Rodrigo Oliveira, Helena Rizzo, José Baratino, Janaina e Jefferson Rueda, Sergio Torres, Flavio Frederico e muitos outros mostrariam receitas, experiências e melhor, as suas genialidades. Até a Nina Horta estava conferindo tudo por lá.

É claro que não poderíanos (eu e a Dé) ver/estar em  absolutamente tudo. Então escolhemos 3 workshops e um maravilhoso jantar sobre perfumes (que relatei aqui) .

Começamos no sábado de manhã assistindo ao workshop Cozinha sem Vergonha: Galinha de Cabo a Rabo com o trio  Ana Soares (do Mesa3), Mara Salles (do restaurante Tordesilhas) e Neide Rigo (do excelente blog Come-se).

Foram mais de duas horas frenéticas com idéias não menos sobre tudo, eu disse absolutamente tudo, o que você pode fazer com uma galinha (pensando bem, quase tudo!! rs).

Elas encontraram utilidade, na verdade várias, pra todos os órgãos das penosas: aquilo, o traseiro da galinha cozido e num espeto com pimenta biquinho (qualquer semelhança não é mera coincidência),…

…  sangue talhado e cortado em fatias, …

…, colherinhas de milho (que a Mara fez) e com um angu e cristas fritas da ave,…

… moela costurada e com milho no seu interior (a Mara costurou uma a uma), …

… pele frita como torresmo, …

… uma  feijoadinha de pé-de-galinha e uma rede crocante de couve (a Neide que fez),…

… mais uns torresminhos de pele, só que agora com nós,…

… as tripas fritas,…

… o legítimo pérulito (os pés da galinha caramelizados numa mistura de temperos), …

… e um jeito bacana de fazer um frango assado com farofa,  mas só que sem o frango. Foi utilizado somente a pele pra dar o gosto.

Doces? Também tinha e um belo manjar de coco feito com o colágeno dos pés-das-galinhas.

E gemas dos ovos cozidas e servidas com canjiquinha que mais pareciam nuvens gemadas.

Enfim, uma verdadeira odisséia aos bípedes. Pra culminar, ainda recebemos um brinde com uma latinha contendo uma farofa e uma coxinha de galinha além dum saquinho que a Neide nos presenteou que tinha “titica” da galinha e que segundo ela, em se plantando, você terá a possibilidade de verificar o que ela comia  já que tudo o que está lá deve germinar. As minhas já foram plantadas! Depois conto o resultado.

A tarde, fomos ver a Helena Rizzo (do restaurante Maní) que falaria sobre sobre ingredientes em seu estado mais bruto. Por isso o worshop intitulava-se O Cru e o Cru.
E ela consegui o seu intento. Tudo foi muito rápido.

As receitas foram uma Salada de Abóbora e Pepino com Ovas de Tainha e  Leite de Castanhas-do-Pará e Raviolis de Cará e Bacalhau com emulsão de Bacuri e Azeitonas Pretas. Ela cumpriu o que prometeu, mas foi um contato meio, digamos, sem muita comunicação.
Enfim, foi cru!! rs

E o terceiro workshop foi no domingo de manhã. Só o título já era interessante: Quando o campo vai à mesa. O Jose Barattino, chef do restaurante do hotel emiliano contaria sobre a experiência que ele está tendo ao adotar nas refeições de lá, os produtos que o Dercílio Pupin, lider de 700 famílias que compõe a Família Orgânica, uma cooperativa de produtores de legumes e verduras orgânicas e biodinâmicas.

É um assunto pra lá de interessante já que além do fornecimento de ingredientes fresquíssimos, o Barattino também está experimentado “produtos do zero” ou seja, coisas ainda não utilizadas na gastronomia.

Um exemplo? Gavinhas de chuchu.
Sabe o que  são? São aquelas garrinhas que se encontram nas extremidades do chuchuzeiro e que nesta caso, foram incluídas na receita “Gavinhas de Chuchu, batata-doce assada em crosta de sal grosso e emulsão de castanha-do-Brasil“.

Outro exemplo? Raiz do Lírio-do-Brejo, que é parecida com o gengibre, mas que tem um gosto acentuado de flor, especialmente após ser cortada em pequenos cubos e levemente refogada.

E olhe que foi extremamente emocionante ver o Pupin dizer que todo mundo deveria pagar um pouco mais caro e comprar produtos orgânicos, pois neles, além da inexistência de agrotóxicos, você certamente encontra a energia e o carinho de quem o produziu!! Coisas de feng shui!! 🙂

Resumo de tudo: certamente saímos deste Paladar com a certeza que a gastronomia puramente brasileira tem um futuro promissor. Principalmente enquanto gente de quilate como a Ana, a Neide, a Mara, a Helena, o Barattino estiverem pesquisando e trabalhando com o amor que demonstraram.

Parabéns a todos!
E sorte nossa que por estarmos lá, conhecemos o mineirim Roninho, dono da Mercearia Paraopeba e que montou um quiosque no evento. Além dele ser uma simpatia, é um grande vendedor. Só pra ter uma ideia, ele nos vendeu doce de leite, fubá, batata, feijão, queijo, mandiopã, pimenta-biquinho e mais algumas galinhas de Angola de enfeites.
Tudo de qualidade. Pensando bem, foi quase como visitar um mini sex shop mineiro!! rs

Até.

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Há 12 comentários

  1. Edu, assim nao dá. Eu nao tinha ainda nem conseguido respirar do outro post e voce ja me tira o folego de novo! Me lembrei da infancia com essas galinhas. Do tempo em que, realmente, nas casas mineiras, da galinha se fazia tudo (ou, quase tudo!). Hoje nao sei se me sentiria tranquilo comendo, por ex, miolo de galinha (que comiamos para ficar inteligentes) ou um pezinho de galinha. Mas as galinhas eram caipiras. Agora, essas galinhas urbanas e chics, nao sei se tem o mesmo gosto!! (risos)

  2. Amigo Blogueiro, olha a novidade: o “Persa Brasileiro na Provence” completou três anos em 2010 e como presente de aniversário o blog ganhou um novo visual com páginas onde os assuntos foram distribuídos para facilitar a navegação, detalhes cheios de charme e um logo que é a cara da Provença! Tudo isso com um endereço mais curto e simples: naprovence.com.

    Espero que você goste do resultado como eu e saiba que tudo isso foi feito para que você encontre a informação que procura sobre o sul da França da maneira mais agradável possível. Sugestões e comentários sobre a mudança vão ser muito bem-vindos assim como as suas próximas visitas.

    Ah! E caso queira publicar as suas matérias sobre a Provence, com os devidos créditos, evidentemente, no nosso site seria um prazer! Beijos.

  3. Os meus avós criavam galinhas em casa e depois matavam, lembro-me perfeitamente dos ovos dentro do dito cujo das galinhas 🙂 Lembro-me de segurar nas patas das bichas para alguém lhes cortar o pescoço. Hoje em dia não sou capaz disso… só como o que já estiver morto 🙂

  4. Edu
    parabéns pelo blog maravilhoso, apetitoso e cheio de acolhimento e afeto!
    Tudo é sempre superlativo e escrito com muito bom humor.
    Mesmo quietinha, saiba que todos os dias estou a xeretar por aqui.
    Posts da Provence, os do ISB, e agora este petisco! É demais!
    Agradeço também as referências da Mercearia Paraopeba ( o filmete é poético sô!) e da Família Orgânica (um endereço de orgânicos confiáveis que procurava há tempos)
    obrigado por tudo e uma abraço.

  5. Eymard

    V. tem razão, as galinhas de quintal tinham outro gosto. Agora, já não sei gosto do que tem: se de hormonio, ração ou sei lá mais o quê ( rs )

  6. Sócio Eymard, estas galinhas eram DOCG! A Neide as trouxe do sítio dos pais dela e, inclusive, contou uma estória muito legal: disse que o pai dela cuida delas com o maior carinho e chega a conversar com elas. Aí ela perguntou como é que ele não tinha dó de matá-las. Ele respondeu que não tinha porque ele nunca dava um nome pra elas!! Bacana, né?

    Persa, vou dar uma olhada, mas pelo menos pra essa nossa última viagem, a novidade chegou tarde!

    Ameixa, nós vimos os tais ovos também. A Neide também nos confessou que não criou coragem pra matar as penosas.

    Beth, você é muito engraçada! rsrs

    Kika, grato a você pelas visitas e por compartilhar a tua opinião sobre as referências, especialmente a do Roninho.

    Neide, que prazer ver você por aqui! Imagine a nossa felicidade por termos participado daquela aula!!
    Ah! Plantei as titicas e elas já estão germinando!

    Terezina, volto a afirmar que estas tinham RG! rs

    Abs penosos a todos.

  7. Edu, depois você tira foto dos pés de titicas para a gente ver o que vai nascer dali!!! (rs). Espero que não seja tiririca!!!
    Galinha DOCG, maravilha. Quando eu era criança tinha uma “lenda” de que ficar com dó da galinha atrasava a morte delas. Então, dona lelé, com os pés nas asas, segurando firma a galinha, bacia para colher o sangue, faca em punho e a criançada gritando: “coitada, coitada”!!!! Não morria nunca a pobre galinha! (e o sangue esguichava pra tudo que era lado, para o desespero da Lelé…). Também não tínhamos a menor pena de comer a penosa depois. Talvez seja como na historia do pai da Neida. As galinhas não tinham nome!

  8. Adrix, a letra “a” é perto da “e” no meu teclado??? Desculpa a troca de letras…mas esse efeito a Adriana já registrou aqui. Merece perdão!!!

  9. Sócio, já chega de tiririca no horário político!! rs V
    Quanto às titicas, vou tirar fotos, sim. Elas já estão grandinhas!! rsrs

    Terezina, concordo com você. Mas existem algumas exceções (sex shop, Veran!! rsrs).

    Abs penosos a todos.

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